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Sexta-Feira, 08 de Novembro de 2013 às 12:09:00
Internas do Prefem ensaiam para apresentação no Teatro Atheneu
Proposta é levar até as internas poesia de qualidade e textos mais rebuscados

Era uma manhã comum no Presídio Feminino. Internas na sala de aula da Educação de Jovens e Adultos (EJA) aprendiam sobre Literatura de Cordel e exercitavam a criatividade produzindo os seus próprios textos. Em outro canto, na fábrica de costura, mulheres confeccionavam uniformes utilizados por agentes penitenciários e internos do sistema prisional e, entre elas, Ivanete bordava. A moderna máquina que ela já aprendera a comandar com maestria dava vida a brasões e bandeiras para os uniformes. Ociosidade superada pela produtividade. E no galpão, era teatro. Concentradas, as internas ensaiavam para a apresentação que irão protagonizar no dia 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos, no Teatro Atheneu, às 16h. E, também dali, talentos brotavam.

Suchaiane Alves, de apenas 22 anos, é um deles. Presa há um ano e cinco meses, ela participa do Projeto Penarte  - que inclui aulas de Teatro, Dança, Poesia, Música e Circo - desde a primeira edição e, além de atuar, também canta. Para ela, as oficinas são uma grande oportunidade de mudança. “É bom sair de lá de dentro, dar tudo da gente para chegar lá no dia, apresentar direitinho e mostrar a todo mundo que quem está aqui dentro quer mudar, sair diferente, e não continuar como era antes. Todo mundo aqui tem seu dom, seu talento. Eu mesma, quando sair daqui, quero terminar meus estudos e fazer faculdade de Psicologia”, revela ‘Chai’, como é conhecida no Prefem.

Ela terminou o ensino fundamental e vai entrar no 1º ano do ensino médio. Sentenciada em 4 anos e 11 meses,  ela tem esperança de ganhar a liberdade antes. “Como participei de muitos cursos e oficinas aqui dentro e tem a questão da remissão [um dia de pena remido para cada três dias de trabalho ou 12 horas de estudo], acho que em janeiro eu já posso ser solta, e pretendo continuar no teatro”, diz, animada, a jovem.

Mãe de três filhos e avó de dois netos, Joana Darc Santos Melo, 37 anos, está há um ano e três meses no Prefem e participa do Penarte pela primeira vez. Dona de um vozeirão, Joana interpreta com a alma, e afirma que é o Projeto é uma maneira de sair da ociosidade. “Quero mostrar para a minha família e para a sociedade que eu sou capaz. É bom para ocupar o tempo aqui. A diretora [Lilia Melo] não deixa a gente ficar sem a mente ocupada não. Aqui tem muitos projetos e cursos. E a estrutura permite porque é tudo limpo, organizado e a comida é boa. Pra gente aqui é bastante gratificante”, opina Joana Darc.

O Coordenador Artístico do Projeto Penarte, Ivo Adnil, conta que, este ano, o texto encenado pelas internas será “As violetas são belas, as abelhas, violentas”, da autoria de Cláudio Viana, agente prisional e idealizador do Projeto. “Cláudio lançou um livro chamado ‘Poemas Sem Nome’ e, desse livro, extraímos 40 poemas para montar o espetáculo. Seis poemas foram musicados”, conta Ivo sobre a apresentação, que contará com a participação de 40 internas.

“Para sair do presídio, a Diretora do Prefem, Lília Melo, faz a solicitação ao Juiz da Vara de Execuções Criminais. No ano passado foi inédito tirar 40 internas da unidade para fazer uma apresentação no teatro. E foi um sucesso. O Atheneu lotou. Apresentamos ‘O dia em que os cadeados se rebelaram’, no dia 10 de dezembro de 2012, e novamente em abril, como convidados do Festival Sergipano de Teatro”, declara Ivo.

O artista plástico conta, ainda, que este ano o grupo também fará uma homenagem a Shakespeare. “Ano que vem teremos a comemoração dos 450 anos do nascimento dele e, por isso, faremos uma intervenção no foyer do teatro com sete sonetos da sua autoria. Ou seja, deu Shakespeare no Presídio Feminino também!”, brinca Ivo.

De acordo com ele, a proposta é levar até as internas, poesia de qualidade e textos mais rebuscados. “A gente busca textos que estejam fora do cotidiano delas, desse dialeto sofrido das ruas. Aí trazemos sempre esse bálsamo. Os textos desse ano dialogam muito com elas. Têm tudo a ver com a questão do sistema prisional porque boa parte deles foi feito aqui, com Cláudio de guarda, observando elas. Então encaixou muito bem”, finaliza Adnil.

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Internas do Prefem ensaiam para apresentação no Teatro Atheneu
Proposta é levar até as internas poesia de qualidade e textos mais rebuscados
Sexta-Feira, 08 de Novembro de 2013 às 12:09:00

Era uma manhã comum no Presídio Feminino. Internas na sala de aula da Educação de Jovens e Adultos (EJA) aprendiam sobre Literatura de Cordel e exercitavam a criatividade produzindo os seus próprios textos. Em outro canto, na fábrica de costura, mulheres confeccionavam uniformes utilizados por agentes penitenciários e internos do sistema prisional e, entre elas, Ivanete bordava. A moderna máquina que ela já aprendera a comandar com maestria dava vida a brasões e bandeiras para os uniformes. Ociosidade superada pela produtividade. E no galpão, era teatro. Concentradas, as internas ensaiavam para a apresentação que irão protagonizar no dia 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos, no Teatro Atheneu, às 16h. E, também dali, talentos brotavam.

Suchaiane Alves, de apenas 22 anos, é um deles. Presa há um ano e cinco meses, ela participa do Projeto Penarte  - que inclui aulas de Teatro, Dança, Poesia, Música e Circo - desde a primeira edição e, além de atuar, também canta. Para ela, as oficinas são uma grande oportunidade de mudança. “É bom sair de lá de dentro, dar tudo da gente para chegar lá no dia, apresentar direitinho e mostrar a todo mundo que quem está aqui dentro quer mudar, sair diferente, e não continuar como era antes. Todo mundo aqui tem seu dom, seu talento. Eu mesma, quando sair daqui, quero terminar meus estudos e fazer faculdade de Psicologia”, revela ‘Chai’, como é conhecida no Prefem.

Ela terminou o ensino fundamental e vai entrar no 1º ano do ensino médio. Sentenciada em 4 anos e 11 meses,  ela tem esperança de ganhar a liberdade antes. “Como participei de muitos cursos e oficinas aqui dentro e tem a questão da remissão [um dia de pena remido para cada três dias de trabalho ou 12 horas de estudo], acho que em janeiro eu já posso ser solta, e pretendo continuar no teatro”, diz, animada, a jovem.

Mãe de três filhos e avó de dois netos, Joana Darc Santos Melo, 37 anos, está há um ano e três meses no Prefem e participa do Penarte pela primeira vez. Dona de um vozeirão, Joana interpreta com a alma, e afirma que é o Projeto é uma maneira de sair da ociosidade. “Quero mostrar para a minha família e para a sociedade que eu sou capaz. É bom para ocupar o tempo aqui. A diretora [Lilia Melo] não deixa a gente ficar sem a mente ocupada não. Aqui tem muitos projetos e cursos. E a estrutura permite porque é tudo limpo, organizado e a comida é boa. Pra gente aqui é bastante gratificante”, opina Joana Darc.

O Coordenador Artístico do Projeto Penarte, Ivo Adnil, conta que, este ano, o texto encenado pelas internas será “As violetas são belas, as abelhas, violentas”, da autoria de Cláudio Viana, agente prisional e idealizador do Projeto. “Cláudio lançou um livro chamado ‘Poemas Sem Nome’ e, desse livro, extraímos 40 poemas para montar o espetáculo. Seis poemas foram musicados”, conta Ivo sobre a apresentação, que contará com a participação de 40 internas.

“Para sair do presídio, a Diretora do Prefem, Lília Melo, faz a solicitação ao Juiz da Vara de Execuções Criminais. No ano passado foi inédito tirar 40 internas da unidade para fazer uma apresentação no teatro. E foi um sucesso. O Atheneu lotou. Apresentamos ‘O dia em que os cadeados se rebelaram’, no dia 10 de dezembro de 2012, e novamente em abril, como convidados do Festival Sergipano de Teatro”, declara Ivo.

O artista plástico conta, ainda, que este ano o grupo também fará uma homenagem a Shakespeare. “Ano que vem teremos a comemoração dos 450 anos do nascimento dele e, por isso, faremos uma intervenção no foyer do teatro com sete sonetos da sua autoria. Ou seja, deu Shakespeare no Presídio Feminino também!”, brinca Ivo.

De acordo com ele, a proposta é levar até as internas, poesia de qualidade e textos mais rebuscados. “A gente busca textos que estejam fora do cotidiano delas, desse dialeto sofrido das ruas. Aí trazemos sempre esse bálsamo. Os textos desse ano dialogam muito com elas. Têm tudo a ver com a questão do sistema prisional porque boa parte deles foi feito aqui, com Cláudio de guarda, observando elas. Então encaixou muito bem”, finaliza Adnil.