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Segunda-Feira, 03 de Junho de 2019 às 14:06:00
Sobrevivente da tragédia de Mariana encontra em Sergipe acolhimento e motivos para voltar a sonhar
A unidade que acolheu Roberto atende pessoas encaminhadas por diversos órgãos estaduais e municipais

“Sou sobrevivente da tragédia de Mariana e encontrei na Casa de Passagem Estadual o apoio que eu tanto procurava. Além de me sentir acolhido e protegido, através do excelente atendimento que eu tive aqui, pude ter a esperança de refazer minha vida”. Foi com um sorriso de gratidão que Roberto Farias, pedreiro, natural de Minas Gerais, fez essas declarações. Ele procurou o abrigo administrado pela secretaria de Estado da Inclusão, da Assistência Social e do Trabalho (Seit), após perder tudo na catástrofe ocorrida em novembro de 2015, quando uma grande barragem rompeu em Mariana (MG), vitimando 19 pessoas.

A unidade que acolheu Roberto atende pessoas encaminhadas por diversos órgãos estaduais e municipais, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), o Hospital Nestor Piva, a Urgência Mental do Hospital São José, o Centro de Atendimento Psicossocial Primavera (CAPS AD), o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) e demais equipamentos da rede socioassistencial.

De Minas a Sergipe, Roberto percorreu um grande caminho e, por ser cadeirante, as dificuldades enfrentadas foram enormes. “Perdi minha esposa, filhos, parentes e amigos. Não tive escolha. Saí da minha cidade da pior maneira possível. Sem nada. Apenas com a roupa do corpo. Não pensei duas vezes e fui morar em Salvador, porque sabia que não corria o risco de passar por tudo que eu passei. Mas a cidade tem diversos morros e ladeiras muito altas e sem acessibilidade. Como eu sou cadeirante, a locomoção era difícil. Foi quando me indicaram Aracaju”, relatou.

Seu Roberto confessa que, no início, ficou assustado, pois nunca havia precisado do acolhimento de um abrigo. “Depois que vim de Salvador, não tinha condições de alugar uma casa e passei alguns dias em uma pousada com o pouco de dinheiro que me restava. Aí me orientaram a procurar a assistente social do hospital. Assim que encontrei, contei a minha história e ela me encaminhou ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). Lá, recebi o encaminhamento para a Casa de Passagem Estadual. A princípio, fiquei muito assustado. Mas, chegando aqui, as assistentes sociais me explicaram todo o procedimento e fui me sentido abraçado e acolhido”, relembrou.

A secretária de Estado da Inclusão e Assistência Social, Lêda Couto, destaca a importância do trabalho humanizado desenvolvido pelos profissionais que atuam no equipamento. “A Casa de Passagem se pretende a ser um verdadeiro lar para quem a procura, durante todo o período em que precisar nela permanecer. O trabalho de acolhimento das suas dores, realizado em momento de tamanha vulnerabilidade, demanda grande sensibilidade dos profissionais e é muito bem conduzido pela equipe, sendo fundamental para devolver a esperança para essas pessoas. Ficamos realmente emocionadas quando ouvimos relatos como o do seu Roberto”, disse Lêda.

Com capacidade para 50 pessoas, a Casa de Passagem destina-se ao acolhimento para pessoas em situação de rua oriundas de municípios de pequeno e médio porte. De acordo com a coordenadora da Casa de Passagem Estadual, Jaínne Oliveira, a capital sergipana é considerada de grande porte, mas possui uma demanda contida, porém significativa. “Essa é a razão pela qual o Estado vem a se somar com a prefeitura de Aracaju, destinando 20 vagas para a população em situação de rua da capital e as demais a pessoas de diversas localidades de Sergipe e do Brasil”, explica.

No ano de 2018, por exemplo, a Casa de Passagem Estadual realizou 179 acolhimentos de pessoas em situação de rua ou em trânsito. Nos quatro primeiros meses de 2019, a unidade já acolheu 68 pessoas, ainda segundo a coordenadora do espaço. “Nosso maior sonho é diminuir esse número de abrigados cada vez mais. Enquanto isso, continuamos a buscar novas oportunidades para eles, em parceria com o Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), além de encaminhá-los para tirar seus documentos pessoais e aos serviços de saúde. No período que eles passam na Casa de Passagem, encontram um ciclo de atividades previstos no planejamento estratégico anual, focado em ações que favoreçam a sociabilidade dessas pessoas. Uma vez por semana, nos reunimos no café da manhã para conversar e tentar diminuir a dor que eles estão passando”, pontua a coordenadora Jaínne.

São ações como essas que, de acordo com Roberto, foram primordiais para ajudá-lo em diversos aspectos. “Se não existisse este espaço, eu não sei onde estaria e nem poderia me reestruturar para alugar uma casinha com móveis e ter uma vida digna, pois recebo um benefício e isso faz com que eu possa ter um pouco de segurança. Eu sou muito grato a toda a equipe da Casa que me acolheu de uma maneira única”, revela, emocionado. O acolhimento lhe devolveu a esperança de dias melhores e, por isso, ele tem planos de continuar no Estado, onde pretende reconstruir sua vida. “Irei refazer minha família em Aracaju, porque essa é a cidade que escolhi como refúgio. Tenho um apreço indescritível por tudo e pelas pessoas que entraram em minha vida”, disse.

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Sobrevivente da tragédia de Mariana encontra em Sergipe acolhimento e motivos para voltar a sonhar
A unidade que acolheu Roberto atende pessoas encaminhadas por diversos órgãos estaduais e municipais
Segunda-Feira, 03 de Junho de 2019 às 14:06:00

“Sou sobrevivente da tragédia de Mariana e encontrei na Casa de Passagem Estadual o apoio que eu tanto procurava. Além de me sentir acolhido e protegido, através do excelente atendimento que eu tive aqui, pude ter a esperança de refazer minha vida”. Foi com um sorriso de gratidão que Roberto Farias, pedreiro, natural de Minas Gerais, fez essas declarações. Ele procurou o abrigo administrado pela secretaria de Estado da Inclusão, da Assistência Social e do Trabalho (Seit), após perder tudo na catástrofe ocorrida em novembro de 2015, quando uma grande barragem rompeu em Mariana (MG), vitimando 19 pessoas.

A unidade que acolheu Roberto atende pessoas encaminhadas por diversos órgãos estaduais e municipais, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), o Hospital Nestor Piva, a Urgência Mental do Hospital São José, o Centro de Atendimento Psicossocial Primavera (CAPS AD), o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) e demais equipamentos da rede socioassistencial.

De Minas a Sergipe, Roberto percorreu um grande caminho e, por ser cadeirante, as dificuldades enfrentadas foram enormes. “Perdi minha esposa, filhos, parentes e amigos. Não tive escolha. Saí da minha cidade da pior maneira possível. Sem nada. Apenas com a roupa do corpo. Não pensei duas vezes e fui morar em Salvador, porque sabia que não corria o risco de passar por tudo que eu passei. Mas a cidade tem diversos morros e ladeiras muito altas e sem acessibilidade. Como eu sou cadeirante, a locomoção era difícil. Foi quando me indicaram Aracaju”, relatou.

Seu Roberto confessa que, no início, ficou assustado, pois nunca havia precisado do acolhimento de um abrigo. “Depois que vim de Salvador, não tinha condições de alugar uma casa e passei alguns dias em uma pousada com o pouco de dinheiro que me restava. Aí me orientaram a procurar a assistente social do hospital. Assim que encontrei, contei a minha história e ela me encaminhou ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). Lá, recebi o encaminhamento para a Casa de Passagem Estadual. A princípio, fiquei muito assustado. Mas, chegando aqui, as assistentes sociais me explicaram todo o procedimento e fui me sentido abraçado e acolhido”, relembrou.

A secretária de Estado da Inclusão e Assistência Social, Lêda Couto, destaca a importância do trabalho humanizado desenvolvido pelos profissionais que atuam no equipamento. “A Casa de Passagem se pretende a ser um verdadeiro lar para quem a procura, durante todo o período em que precisar nela permanecer. O trabalho de acolhimento das suas dores, realizado em momento de tamanha vulnerabilidade, demanda grande sensibilidade dos profissionais e é muito bem conduzido pela equipe, sendo fundamental para devolver a esperança para essas pessoas. Ficamos realmente emocionadas quando ouvimos relatos como o do seu Roberto”, disse Lêda.

Com capacidade para 50 pessoas, a Casa de Passagem destina-se ao acolhimento para pessoas em situação de rua oriundas de municípios de pequeno e médio porte. De acordo com a coordenadora da Casa de Passagem Estadual, Jaínne Oliveira, a capital sergipana é considerada de grande porte, mas possui uma demanda contida, porém significativa. “Essa é a razão pela qual o Estado vem a se somar com a prefeitura de Aracaju, destinando 20 vagas para a população em situação de rua da capital e as demais a pessoas de diversas localidades de Sergipe e do Brasil”, explica.

No ano de 2018, por exemplo, a Casa de Passagem Estadual realizou 179 acolhimentos de pessoas em situação de rua ou em trânsito. Nos quatro primeiros meses de 2019, a unidade já acolheu 68 pessoas, ainda segundo a coordenadora do espaço. “Nosso maior sonho é diminuir esse número de abrigados cada vez mais. Enquanto isso, continuamos a buscar novas oportunidades para eles, em parceria com o Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), além de encaminhá-los para tirar seus documentos pessoais e aos serviços de saúde. No período que eles passam na Casa de Passagem, encontram um ciclo de atividades previstos no planejamento estratégico anual, focado em ações que favoreçam a sociabilidade dessas pessoas. Uma vez por semana, nos reunimos no café da manhã para conversar e tentar diminuir a dor que eles estão passando”, pontua a coordenadora Jaínne.

São ações como essas que, de acordo com Roberto, foram primordiais para ajudá-lo em diversos aspectos. “Se não existisse este espaço, eu não sei onde estaria e nem poderia me reestruturar para alugar uma casinha com móveis e ter uma vida digna, pois recebo um benefício e isso faz com que eu possa ter um pouco de segurança. Eu sou muito grato a toda a equipe da Casa que me acolheu de uma maneira única”, revela, emocionado. O acolhimento lhe devolveu a esperança de dias melhores e, por isso, ele tem planos de continuar no Estado, onde pretende reconstruir sua vida. “Irei refazer minha família em Aracaju, porque essa é a cidade que escolhi como refúgio. Tenho um apreço indescritível por tudo e pelas pessoas que entraram em minha vida”, disse.