Durante a reinauguração do Corredor Cultural Welligton Santos Irmão nesta sexta-feira, 22, a Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) diplomou mestres dos saberes populares que foram contemplados nos editais da Lei dos Mestres. A propositura refere-se ao Programa de Registro de Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana, no qual, os mestres da Cultura Popular de Sergipe passam a receber uma bolsa vitalícia no valor de dois salários mínimos.

A ‘Lei dos Mestres’ visa incentivar e impulsionar a atuação cultural de pessoas que tradicionalmente mantém e salvaguardam aspectos relevantes da cultura de Sergipe. De autoria do Poder Executivo Estadual, a deliberação foi aprovada em 2022.

De acordo com a presidente da Funcap, Antônia Amorosa, lembrar dos mestres dos saberes populares é reconhecer a cultura do estado. “Devemos sempre reconhecer e difundir as expressões culturais tradicionais. Então, viva a cultura! Aquilo que pudermos fazer pela área, façamos, porque se cada um fizer a sua parte, o inteiro certamente chegará”, afirmou. 

Saberes populares

Saberes populares nada mais é do que conhecimentos transmitidos de geração para geração, fundamentados em experimentação e conseguidos através de um aprendizado informal. Uma dessas pessoas é o mestre do saber Tonho Preto. Natural do município de Boquim, Tonho Preto já dedica 63 anos dos seus 83 de vida ao Grupo de Pífano de Santo, organizando cavalgadas e a Missa do Vaqueiro no Povoado Céu, em seu município. “Desde os meus sete anos de vida estou nesse meio, vendo tudo tocar na casa de meus pais, com isso, tomei entusiasmo de querer ser um tocador”, disse. 

Sobre a entrega do diploma e reconhecimento do Governo do Estado, Tonho Preto se emocionou. “Eu nunca pensei que esse momento ia acontecer, tenho o maior prazer em estar aqui”, completou. De acordo com o mestre no pífano, a cultura popular sempre terá a sua importância.  A gente gosta, a gente se sente bem. Quando estou com minha turma, tocando numa cidade, numa novena, num acompanhamento, tudo isso que a gente faz é com amor”, disse. 

Dona Zefinha da Batucada é ex-quadrilheira e há 39 anos fundou o grupo de batucada Buscapé, nome dado em homenagem ao filho fogueteiro. O grupo é um dos mais tradicionais de Estância, sua terra natal. “Para mim, é a maior alegria estar sendo reconhecida aqui. A nossa cidade é a capital do ‘barco de fogo’ e se não tiver a batucada e o batalhão de fogo, não tem festejos juninos”, ressaltou.

Além deles, Orlando do Couro, Tia Madá e Beto Pezão foram reconhecidos por seu trabalho como mestres. Eles receberam um incentivo vitalício de dois salários mínimos mensais para dar continuidade aos seus trabalhos, garantindo a perpetuação das tradições culturais.

Corredor Cultural Welligton Santos "Irmão"

O Corredor Cultural Wellington Santos "Irmão", localizado na sede da Funcap, é um projeto que tem o objetivo de proporcionar a artistas sergipanos de todas as áreas da cultura, a exposição de suas obras ou a oportunidade de promover apresentações artísticas.
Durante a reinauguração do espaço, também foi inaugurada a Galeria dos ex-gestores de Cultura, dedicada a homenagear os ex-gestores que ocuparam a presidência da Fundação e contribuíram significativamente para o desenvolvimento da cultura em Sergipe. A iniciativa reconhece o trabalho e o legado deixado por esses líderes.

Na ocasião, importantes artistas sergipanos foram homenageados in memoriam, como a coreógrafa e bailarina Lu Spinelli, a fotógrafa e jornalista Ilma Fontes, o ator Mariano Antônio e o cantor Ismar Barreto.