Uma data marcada pela identidade do povo, crenças, manifestações culturais e culinária, o Dia da Sergipanidade, celebrado nesta terça-feira, 24 de outubro, reafirma os costumes, valores e saberes, despertando nos sergipanos o amor pela própria cultura. Mais do que isso: é a sergipanidade, esse conjunto de características tão peculiares de um povo, o grande diferencial e, talvez, o maior responsável por atrair e encantar turistas que vêm conhecer o menor estado do Brasil.

Apesar de a data historicamente se confundir com o 8 de julho de 1820, dia em que a Carta Régia desanexou o território sergipano da Bahia, foi em 24 de outubro de 1824 que o documento chegou a Sergipe. Só assim a sociedade sergipana pôde comemorar, de fato, a independência da província. E foi em 2019 que o Dia da Sergipanidade entrou de vez para o calendário oficial do Estado por meio da Lei 8.601.

É fato: quem conhece Sergipe nunca esquece, pois o sergipano é, acima de tudo, um povo acolhedor quando o assunto é recepcionar turistas. Além disso, o estado é uma terra cheia de riquezas e belezas naturais, cujos traços típicos preservam as raízes e distinguem a identidade dos sergipanos, diferenciando-os dos demais brasileiros. Vale destacar que, quando os turistas percebem símbolos identitários presentes em souvenirs, apresentações musicais e imagens, por exemplo, começam a entender a importância desse diferencial, o que desperta neles o interesse em ‘consumir’ essa sergipanidade.

O professor do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Dênio Azevedo, considera a sergipanidade como um sentido de pertencimento, que é perceptível quando as pessoas falam bem, respeitam e contribuem para a divulgação do estado, incentivando turistas a conhecerem os recursos culturais e naturais, história, geografia e literatura, assim como espaços de memória e também a preservação do patrimônio, causando o mínimo impacto nos recursos naturais e culturais. “Como existe um mundo globalizado, que tem marcas que são globais e que você encontra facilmente em diferentes destinos turísticos, a sergipanidade pode ser o grande diferencial competitivo do Destino Sergipe. A partir do momento que a gente divulga aquilo que é nosso, que a gente trabalha com elementos que só são percebidos e experienciados em nosso estado, a gente começa a trabalhar e ter a sergipanidade como aliada no desenvolvimento do turismo”, avalia.

Instrumento poderoso

O secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, comenta que ressaltar a sergipanidade consiste em um instrumento poderoso para alavancar o turismo em Sergipe. Segundo ele, esse é o diferencial adotado nas ações realizadas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), ao participar de eventos, como feiras do segmento tanto dentro quanto fora do estado.

Como exemplo disso, Marcos Franco cita a participação na Abav Expo 2023, a maior feira de turismo do país, realizada no fim de setembro, no Rio de Janeiro, onde um estande moderno e diferenciado, altamente tecnológico e imersivo, assinado pelo Instituto Banese, enalteceu as belezas naturais e os atrativos culturais e gastronômicos de Sergipe de um modo impactante. O estande, inclusive, foi um dos mais elogiados exatamente por expor a regionalidade do estado de um jeito acolhedor e único. Esse conceito tem sido levado a todos os estandes da Setur em feiras em diversos estados.

O gestor ressalta que a sergipanidade é um conjunto de elementos característicos da cultura sergipana, em que os aspectos descrevem e representam o que é ser sergipano, a exemplo do sotaque, da culinária típica, entre outros. “Apresentamos isso em nossos estandes e vemos como os visitantes são impactados pela nossa sergipanidade. Por tudo isso, essa data que comemora a identidade da nossa gente, quando o sergipano se reconhece como um só povo, é muito importante”, declara.

A diretora-presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Antônia Amorosa, por sua vez, considera o Dia da Sergipanidade uma data que representa um marco da cultura do estado. Para ela, que, além de gestora da entidade que lida diariamente com esse segmento, é também artista da terra, a data representa não apenas conhecer Sergipe territorialmente, mas os valores, as expressões, os dizeres e fazeres. “A sergipanidade representa uma escolha, um pertencimento, uma identidade e a referência de quem somos, onde estamos e para onde queremos ir com o que somos e com tudo que aprendemos a respeito de nós mesmos. É um passar para outro essa força de identidade que nos diferencia do restante do mundo, porque, quando você fala de sergipanidade, está dizendo que, embora tudo na vida seja universal, você sabe exatamente de onde você é, quem você é e porque você é. Sergipanidade é se reconhecer e se amar por isso. Eu amo ser quem eu sou: sergipana”, destaca.

Experimentando a sergipanidade

As amigas Maria Cruz, Marina Campos e Marlene de Oliveira, que vieram de São Paulo passear, afirmam que Sergipe é uma terra que encanta. Mais: que há quem se identifique tanto que já fala em retornar brevemente. Elas foram unânimes na percepção do que o estado tem a oferecer, no que apresenta de tão peculiar e que constitui o conceito de sergipanidade. “O povo sergipano é hospitaleiro. Fomos bem-acolhidas desde a nossa chegada no aeroporto. E essa sergipanidade eu percebi de forma tão particular no sotaque das pessoas, assim como na culinária, a exemplo da tapioca, que é uma iguaria que não conhecia. É bem diferente e muito gostosa. Estou gostando de tudo, pois aqui é um lugar tranquilo, bem convidativo e que surpreende, apesar de ser o menor estado da Federação. Já penso em voltar outras vezes”, afirma Maria Cruz.

De Belo Horizonte (MG), o casal Achiles Bastos e Luciana Lobato veio a Sergipe pela primeira vez. Eles revelam que sempre ouviram falar sobre as belezas da capital sergipana e da cordialidade do povo sergipano, o que se confirmou, pois consideram que as pessoas são muito simpáticas. “Soubemos que, na próxima semana, será comemorado o Dia da Sergipanidade. Entendo que não deve ser comemorada apenas numa data específica, porque pudemos comprovar essa sergipanidade sob vários aspectos: desde as comidas típicas, como o amendoim cozido e o caranguejo, como em aspectos da sua cultura, que vimos aqui no Mercado Municipal, como o rico artesanato. Gostamos bastante e pretendemos voltar”, afirmou Achiles.

Valorização da sergipanidade

O Museu da Gente Sergipana é um importante equipamento na valorização, fomento e divulgação da sergipanidade. Inaugurado em novembro de 2011, é o primeiro museu interativo do Norte e Nordeste e abriga um espaço multimídia de última geração totalmente interativo e com diversos traços da cultura sergipana por meio de ferramentas lúdicas, criativas e tecnológicas.

O superintendente do Instituto Banese e diretor do Museu da Gente Sergipana, Ezio Déda, explica que o espaço é um importante equipamento na valorização, fomento e divulgação da sergipanidade. Ele indica que o equipamento cultural foi pensado justamente para celebrar, expor e fomentar os elementos que caracterizam a sergipanidade que perpassam pela cultura popular, oralidade, culinária, brincadeiras de infância, cordel, repente e pela figura do feirante.

Na concepção de Ezio Déda, no Museu, é possível ter uma imersão nesses aspectos que identificam as pessoas enquanto sergipanas e que fazem parte do cotidiano do sergipano. “O Museu da Gente Sergipana faz com que o sergipano se reconheça, assim como o turista que chega também tenha a possibilidade de, numa visita em um espaço de mil metros quadrados, ter a ideia da profundidade, riqueza e diversidade cultural do sergipano por meio dessas instalações interativas e imersivas que possibilitam esse recorte da identidade e da força da gente sergipana. Ser sergipano é, sobretudo, pulsar uma cultura forte, efervescente e que tem tudo a ver com as nossas raízes identitárias”, argumenta.

Semana da Sergipanidade

Para celebrar a riqueza cultural e gastronômica de Sergipe, o Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, em parceria com o Conselho Empresarial de Turismo de Sergipe (Cetur), Governo do Estado, por meio da Setur, Prefeitura de Aracaju e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Sergipe (Abrasel/SE), está promovendo a ‘Semana da Sergipanidade’ entre os dias 24 e 29 de outubro, na Praça Fausto Cardoso, no Centro de Aracaju.

O evento, além de apresentar a diversidade cultural com sua multiplicidade de expressões artísticas e gastronomia sergipana, tem o intuito de promover as tradições e sabores únicos do estado em referência ao Dia da Sergipanidade. Assim, a praça foi transformada em uma cidade cenográfica com barracas que exibem as particularidades de vários municípios de Sergipe, entre eles, Boquim, Canindé de São Francisco, Carmópolis, Divina Pastora, Estância, Itabaiana, Itabaianinha, Lagarto, Laranjeiras, Santana do São Francisco, São Cristóvão e Tobias Barreto, que vão apresentar os principais aspectos artísticos e culturais durante esses seis dias. O evento também conta com atrações musicais e artísticas, a exemplo do folclore sergipano, além de workshops culinários e espaço kids para a criançada.