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Sábado, 25 de Novembro de 2023 às 08:00:00
Governo do Estado garante apoio e participação de paratletas sergipanos em competições nacionais e internacionais
Compromisso do Governo do Estado com o paradesporto tem garantido resultado positivos do Time Sergipe; secretarias de Estado do Esporte e Lazer e da Educação e da Cultura atuam em conjunto na formação dos paratletas, por entender a prática esportiva, também, como uma ferramenta de transformação na vida das pessoas com deficiência

Não é novidade que a prática de esportes possui uma série de benefícios, seja para a saúde, para o desenvolvimento de novas habilidades ou para o fortalecimento de interações sociais, inclusive para pessoas com deficiência (PcD). Ciente desses e de outros tantos valores proporcionados pelo esporte, o Governo de Sergipe promove e apoia a realização do paradesporto no estado.

Exemplo disso é o Centro de Aperfeiçoamento de Esporte Escolar, mantido por meio das secretarias de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) e do Esporte e Lazer (Seel), onde são desenvolvidas as paramodalidades de paratletismo, vôlei sentado e paranatação.

Além da formação e treinamento durante todo o ano, a gestão estadual também tem garantido a participação desses atletas em competições esportivas com apoio logístico e custeio do deslocamento, como explica a secretária de Estado do Esporte e Lazer, Mariana Dantas. “É um trabalho que é realizado durante todo o ano. Muitos membros do Time Sergipe são atletas da rede estadual de ensino, outros são dos nossos projetos esportivos, das nossas escolas de esportes, e isso é muito importante, porque nós trabalhamos durante o ano inteiro com esses atletas. Só na paranatação temos mais de cem atletas inscritos durante o ano inteiro, além de uma série de modalidades”, aponta a secretária.

De acordo com a gestora, o compromisso do Governo do Estado com o paradesporto vem também da percepção da prática esportiva como uma ferramenta de transformação na vida das pessoas com deficiência. “Conseguimos explorar todo o potencial que esses meninos e meninas têm. Muitas vezes, eles desconhecem a própria capacidade e, por meio do esporte, eles conseguem ir cada vez mais longe”, acrescenta Mariana Dantas. 

Resultados

Todo o investimento e apoio do Governo do Estado no paradesporto sergipano é percebido nos resultados obtidos pelos paratletas. A conquista mais recente se deu ainda neste mês de novembro, com a convocação de quatro paratletas sergipanos para integrarem a seleção brasileira durante os Jogos Parapanamericanos 2023, que ocorrem em Santiago, no Chile. Foram convocados o paratleta de paraciclismo Ulisses Freitas, da cidade de Lagarto, e as paratletas de parabadminton Lucivânia dos Santos, de São Cristóvão, Maria Brenda, de Itabaiana, e Maria Gilda, de Capela. Os quatro sergipanos se somam aos 324 atletas brasileiros convocados para representar o país na busca por medalhas e bons resultados no cenário paralímpico internacional.

Outra grande vitória veio no mês de agosto, com a etapa regional das Paralimpíadas Escolares, ocorrida em Belém, no Pará, de onde o Time Sergipe voltou para casa com um saldo de 77 medalhas -  54 medalhas de ouro, 16 de prata e sete de bronze - e o 1º lugar geral na paranatação, pelo segundo ano consecutivo. Os sergipanos viajaram com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Seel) e da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc).

Além das medalhas, os alunos paratletas também garantiram uma vaga na etapa nacional da competição. Eles viajam para São Paulo na próxima segunda-feira, 27, para competir no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, nas modalidades de paratletismo, paranatação, bocha, parabadminton, halterofilismo e vôlei sentado. Mais uma vez, o Time Sergipe, composto por 34 paratletas, terá o deslocamento custeado pelo Governo do Estado, além de contar com equipe de fisioterapeutas e apoio técnico. Os uniformes foram entregues aos atletas na última quinta-feira, 16.

As Paralimpíadas Escolares 2023 são organizadas pelo Comitê Paralímpico do Brasil (CPB) e reúnem os paratletas com até 17 anos de idade de todo o país.

Em abril, Sergipe também foi um dos destaques do Campeonato Brasileiro Sub17 e Sub20 de Paratletismo, ocorrido em São Paulo. A equipe sergipana, composta de nove paratletas alunos da rede estadual de ensino, trouxe na bagagem 21 medalhas - oito ouros, onze pratas e duas bronzes. Sergipe também ficou com o troféu geral de 2° lugar no feminino Sub20. 

O atleta e diretor de Paradesporto da Seel, Ulisses Freitas, destaca como o apoio oferecido pelo Estado reflete também no desempenho dos atletas sergipanos. "Os paratletas sergipanos podem contar com o apoio da gestão estadual para participar das grandes competições esportivas, através de ofício. Com esse apoio, nós atletas conseguimos participar das competições mais importantes e pontuar no ranking, o que é muito importante para a nossa carreira profissional. Sergipe tem investido no paradesporto e no paradesporto escolar, através das nossas Escolas de Esporte e do incentivo à participação desses jovens paratletas nas Paralímpiadas Escolares. Esse apoio é importante para a continuação da carreira dos paratletas e para o incentivo para quem ainda nem pratica esporte", ressaltou. 

Pertencimento

Antes de ingressar no time de paratletismo do Clube Condição Futuro (CCF), cujos treinos ocorrem na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a paratleta Maria Luiza, de 17 anos, não conhecia outras pessoas com deficiência, o que impactava em questões como autoestima e aceitação. “Antes do esporte paralímpico, na minha cabeça eu era a única pessoa com deficiência que existia no mundo, aí depois de ver que existem várias pessoas com deficiência, inclusive como a minha, e também de outros tipos, eu comecei a me aceitar mais”, conta a aluna paratleta.

Praticante do paratletismo há apenas sete meses, nesse breve tempo Maria Luiza já coleciona conquistas na modalidade. “Eu participei do regional de atletismo, ganhei duas medalhas de prata e uma de ouro, com recorde escolar; participei também do Campeonato Nacional e estou em quarto lugar do ranking brasileiro adulto. Fiquei com uma medalha de prata e uma de bronze no recorde escolar em salto em distância e estou em quarto lugar do ranking brasileiro adulto no lançamento de dardos”, detalha.

Ciente do seu bom rendimento, a paratleta acredita que o apoio do Governo do Estado vai muito além das medalhas. “As pessoas com deficiência precisam ser incluídas na sociedade, e o esporte é uma ótima maneira de fazer isso. Com essa inclusão e com o governo apoiando, nós, atletas com deficiência, somos mais vistos; hoje em dia, o esporte paralímpico ainda não é tão visto pela sociedade, e esse incentivo faz com que outras pessoas conheçam o esporte”, enfatiza

Assim como ela, o paranadador Daniel Santos Lima, 18, acredita no poder transformador do esporte. Ele treina natação desde os 13 anos, e de lá para cá coleciona conquistas refletidas em cerca de 60 medalhas, confiança e um futuro promissor no esporte. “Eu achei um lugar para me encaixar, e hoje eu me orgulho do que eu faço. Não posso dizer que eu sou o melhor do mundo, mas eu estou entre os melhores da equipe. Eu espero, no futuro, estar entre os melhores do Brasil. Estou buscando isso, e acho que é tudo questão de psicológico. Eu tinha um psicológico muito fraco, e hoje em dia, com tantas competições, tantas medalhas, tantas derrotas, estou bem mais fortalecido. Posso dizer que, se tiver a oportunidade de ir para a Paralimpíada, eu irei tentar defender o título brasileiro com todas as forças”, evidencia. 

Outra paratleta sergipana que conquistou muito destaque ao longo dos seus oito anos de treinamento foi Anny Beatriz Alves, 21, que compete na modalidade de corrida de cadeira de rodas. Carregando mais de 60 medalhas na bagagem, a atleta contou que o esporte foi o meio que ela encontrou para se aproximar de outras pessoas com deficiência, e por isso considera o apoio do Governo do Estado ao paradesporto fundamental para o grupo. “Esse apoio é muito importante, porque acaba incentivando o atleta. A gente precisa de muito apoio para comprar material, para ir treinar, para viajar, para competir, comprar passagens. Alguns atletas acabam não tendo o valor da passagem, e o governo acaba ajudando”, considera.

Novos talentos

Com apenas 12 anos, a paranadadora Hadassa Crystiane iniciou os treinamentos no Parque Aquático Oséas Miranda há cerca de três, e de lá para cá já acumula quase 20 medalhas. Ela foi uma das alunas paratletas selecionadas para competir pelo Time Sergipe nas Paralimpíadas Escolares 2023, e tem boas expectativas para a competição. “Eu pretendo trazer as minhas medalhas para Sergipe e representar bem o meu estado. Estou bem feliz por estar indo lá representar o meu estado”, afirma.

Para a sua mãe, a funcionária pública Semira Santana, 52, ver a filha chegar tão longe é motivo de muito orgulho, e o sentimento também é de gratidão e tranquilidade pelo apoio da gestão estadual. “Para mim, é muito emocionante. Fico muito feliz por vê-la participando, trazendo várias medalhas para casa. É muito orgulho, muita satisfação pelo desempenho dela. E o apoio do governo é muito bom, porque se a gente for tirar do nosso bolso, talvez ela nem estivesse participando, mas com o apoio do governo, com o uniforme, com o transporte, facilita mais ainda e dá mais garantia para a gente, porque a gente sabe que assim ela vai poder participar”, indica.

Aluna do Parque Aquático Oséas Miranda há aproximadamente um ano e meio, Júlia Souza, 11, contou que tem gostado muito das aulas de paranatação. “É um esporte que eu gostei muito, aprendi a nadar, porque eu não sabia. Sinto-me muito feliz de estar nesse esporte hoje, já conquistei sete medalhas. Eu acho muito legal para todo mundo”, afirma.

Quem também entrou para a equipe de alunos paratletas do Oséas Miranda foi Joel Francisco Alves, 12, somando cerca de 15 medalhas até o momento. “Eu gosto muito de praticar esporte. Viajar para competir é muito bom”, avalia.

Treinamentos

O trabalho do Governo do Estado para o desenvolvimento do paradesporto não seria o mesmo sem o esforço dos responsáveis pelo treinamento dos atletas, a exemplo do treinador de paranatação Ivan Secundo, que atua há 17 anos no Centro de Aperfeiçoamento de Esporte Escolar, que não esconde o orgulho e a felicidade no rosto ao falar dos seus alunos. “Desde a época que eu assumi a paranatação, sempre ficamos entre os melhores do Brasil, e continuamos no topo. Alguns dos nossos atletas estão no ranking brasileiro bem classificados, e no escolar temos um destaque muito grande, temos ficado entre os quatro melhores do Brasil. Isso é muito gratificante, porque vemos o fruto de um trabalho que é complexo e difícil dando resultado”, ressalta. 

Para garantir todo esse bom resultado, o trabalho é minucioso. “É um trabalho técnico e estratégico também. Pegamos os casos mais complexos também, desde uma amputação até uma má formação, e estudamos o que podemos fazer, avaliamos a situação, e começamos o trabalho todo em cima da melhoria técnica desses atletas. Muitos entram sem conhecimento nenhum da natação e se desenvolvem lá. Então trabalhamos desde a adaptação deles até o processo de alto rendimento”, detalha o treinador. 

Nesse contexto, Ivan Secundo chama a atenção para o papel do Governo do Estado na manutenção do paradesporto sergipano. “É o governo que assume toda a questão da estrutura, do pessoal que trabalha com a gente. Isso é bastante importante, porque é isso que mantém o Centro de Esporte funcionando. E sempre, quando precisamos viajar e participar de competições, o governo tem chegado junto, porque também é uma forma de ter uma visibilidade, de mostrar que nós estamos cumprindo nosso papel e que os atletas estão treinando a ponto de participar das competições e ganhar”, conclui.

Assim como ele, a treinadora de atletismo Kelly Santos, do Centro de Aperfeiçoamento de Esporte Escolar, acredita que o apoio da gestão estadual é diferencial para o resultado dos paratletas sergipanos nas competições. “Eu acompanho, converso com professores de outros estados e percebo que nosso estado, apesar de ser pequeno, tem um grande incentivo do governo para o esporte, seja na parte de logística, de fardamento, com as passagem e no que for possível. Eu considero a participação do Estado muito positiva e efetiva”, indica a professora.

Ela também destaca que o esporte e as competições paralímpicas possuem um papel fundamental na vida dos atletas. “É uma alegria vê-los tendo a oportunidade de experimentar algo diferente, e o esporte proporciona isso, dá esse diferencial, dá uma movimentada na vida deles; eles tornam-se mais ativos, mais participativos na sociedade, e também, de certa forma, se divertem. Não é só a questão da busca de um resultado e de medalhas, mas de experiências, de conhecer uma outra cidade, outras pessoas”, finaliza.