Moradora do povoado Lagoa Redonda, em Porto da Folha, no Alto Sertão sergipano, a agricultora Maria Aparecida dos Santos enfrenta, como a maioria dos moradores da comunidade, as dificuldades comuns a quem vive em uma região árida, marcada principalmente pela falta de oportunidades de trabalho e pela conseqüente escassez de renda. Sem trabalho e quase sempre sem dinheiro, tem sido difícil para ela atender as necessidades básicas da família.
Quando se trata de saúde, os problemas ganham proporções maiores, uma vez que o acesso ao médico exige que a agricultora empreenda uma verdadeira via-crúcis. “Sempre que adoecemos somos obrigados a ir ao município de Nossa Senhora da Glória para receber atendimento”, disse Maria Aparecida, que é mãe de uma garota de 10 anos. Ela contou que há dois meses sentiu-se mal e precisou de atendimento médico. Iniciou, então, uma jornada que a levaria a vários municípios e só a traria de volta para casa muitas horas depois.
Doente, a agricultora saiu de Lagoa Redonda no início da manhã para o povoado vizinho de Sítios Novos, em Poço Redondo, onde não conseguiu ser assistida por não ser cidadã daquele município. Ela foi encaminhada para o posto de saúde da sede de sua cidade, Porto da Folha, mas no momento não havia médico disponível. Sentindo-se cada vez mais doente, Maria Aparecida recorreu ao serviço médico ambulatorial de Glória, onde finalmente recebeu assistência e pôde voltar para casa no fim do dia. “Temos sorte quando nos resta um dinheirinho para poder pegar um carro. Quando não, a gente vai andando mesmo”, acrescentou.
A situação relatada pela sertaneja é amenizada pelo sentimento de esperança que manifesta desde que tomou conhecimento da Clínica de Saúde da Família (CSF) que vem sendo construída próxima a sua casa, com recursos do Governo de Sergipe. Olhos brilhantes e sorriso largo no rosto expressam a crença da agricultora nas mudanças concretas que irão ocorrer na vida da comunidade, a partir do próximo ano, quando a unidade de saúde entrar em funcionamento. Essa mesma expectativa anima a aposentada Abigail Maria dos Santos, 72, também moradora do povoado. “Acredito que o nosso sofrimento vai acabar”, declarou.
Saúde mais perto de casa
Da mesma forma como ocorre em Porto da Folha, o Governo do Estado está construindo uma Clínica Saúde da Família no conjunto Luiz Conceição, em Itabaiana, região Agreste de Sergipe. Moradora do conjunto habitacional, Marineuza Silva Lima, 62, hipertensa e diabética, ficou feliz ao saber que em frente a sua casa está sendo erguida uma CSF. “Teremos um médico pertinho da gente. Eu, que tenho sérios problemas de saúde, já estou mais tranqüila sabendo que não precisarei ir muito longe em busca de atendimento”, disse.
Para a comerciante Maria Élida Lima, 42, moradora da área central do município de Laranjeiras, que também é beneficiado com a construção de uma Clínica, a nova unidade de saúde significa o fim das idas para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), localizado em Aracaju. “Me sinto mais segura e feliz desde que soube que vamos ter um serviço decente de saúde em nossa comunidade”, confessou a comerciante.
No total, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Governo de Sergipe está investindo na construção, reforma e ampliação de 58 Clínicas de Saúde da Família. “As obras já estão em andamento na maioria das cidades; outras estão em processo de licitação ou de escolha do terreno, mas os recursos para este fim foram disponibilizados no início deste ano”, informou o coordenador interino de Atenção Básica da SES, Carlos Adriano de Oliveira, acrescentando que o dinheiro é liberado à medida que as obras são executadas.
A implantação das Clínicas beneficia 38 municípios, selecionados a partir de um criterioso processo de avaliação das instalações das unidades de saúde de todo o estado. O levantamento foi coordenado pela Atenção Básica, que montou uma equipe de pesquisadores próprios e contou com o apoio de gestores municipais. Os mais de 50 profissionais realizaram cerca de 600 visitas nas sedes e povoados das cidades sergipanas, num trabalho que levou três meses para ser concluído.
“Diagnosticamos um quadro de precariedade em muitas unidades de saúde. Além das péssimas condições de conservação dos prédios, constatamos que a arquitetura das instalações não respeitava nenhum tipo de padrão de ambiência compatível com o novo conceito proposto pelo Ministério da Saúde”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Rogério Carvalho. Segundo ele, a necessidade de adaptar as unidades ao novo modelo de atendimento à saúde da população somada às condições de precariedade dos prédios, os critérios populacionais e ainda a avaliação dos indicadores de saúde determinaram os investimentos da SES na área da Atenção Básica.
Porém, nada foi feito à revelia dos municípios, conforme explicou o secretário. “Os lugares contemplados foram consultados tanto sobre a escolha do terreno para as construções quanto sobre as unidades a serem reformadas”, pontuou. As obras estão orçadas em quase R$ 32 milhões e distribuem-se nas cidades de Aracaju, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Boquim, Brejo Grande, Canindé do São Francisco, Capela, Carira, Cedro de São João, Estância, General Maynard, Ilha das Flores, Indiaroba, Itabaiana, Itabaianinha, Itabi, Japaratuba, Japoatã, Lagarto, Laranjeiras, Macambira, Moita Bonita, Monte Alegre de Sergipe, Aparecida, Nossa Senhora da Glória, Lourdes, Pinhão, Pirambu, Poço Verde, Porto da Folha, Propriá, Ribeirópolis, Rosário do Catete, São Cristóvão, São Miguel do Aleixo, Simão Dias, Umbaúba e Nossa Senhora do Socorro.
“Embora a atenção básica à saúde seja uma responsabilidade dos municípios, o Governo de Sergipe amplia, aproxima e qualifica este serviço ao levar Clínicas de Saúde da Família para vários povoados, a exemplo de Lagoa Redonda (Porto da Folha), Escurial (Nossa Senhora de Lourdes), São Vicente e Matadouro (Propriá), Comandaroba (Laranjeiras) e Brasília (Nossa Senhora da Glória), entre outros”, ressaltou Carlos Adriano. Ele destacou ainda que todo o projeto do Estado para essa área contempla o total de 110 clínicas nos 75 municípios sergipanos.
Saúde de qualidade
O projeto arquitetônico de todas as Clínicas de Saúde da Família foi planejado para oferecer serviços integrais e qualificados. As instalações incluem salas de espera, de imunização, de observação e de reunião, recepção, consultórios para médicos e enfermeiros, gabinete odontológico e banheiros, inclusive para pessoas com necessidades especiais. Nestas unidades serão ofertados serviços de saúde bucal, da criança, da mulher e do adulto (homem, idoso, trabalhador e portadores de diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas), além dos cuidados da vigilância em saúde.
O coordenador interino de Atenção Básica da Secretaria explica que as unidades serão dotadas de uma a quatro equipes do Programa da Saúde da Família (PSF) - o número será determinado a partir da densidade populacional e da cobertura do programa em cada município. O Estado dispõe atualmente de 532 equipes de PSF, que oferecem uma cobertura de 99,18%, índice considerado excelente em relação ao cenário nacional. Sergipe conta ainda com 324 equipes de saúde bucal, que resulta numa cobertura de 85,71%.
Ambiência
Humanização e acessibilidade foram os principais fatores agregados ao projeto arquitetônico das Clínicas Saúde da Família, segundo destacou o gerente de Projetos de Arquitetura Hospitalar da SES, Jarbas Dutra Garcia. “Pensamos principalmente no conforto dos usuários. Por isso, valorizamos áreas abertas com jardins de inverno, ambientes com visão ampla do espaço exterior, tudo para que os pacientes não se sintam oprimidos. A idéia é que eles esqueçam um pouco que estão ali para tratar de um problema de saúde”, afirmou.
Outro detalhe citado por Jarbas Dutra diz respeito à dimensão dos espaços. “Trabalhamos com ambientes maiores do que os previstos pela RDC-50 [norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa]. Ela estabelece, por exemplo, que o consultório médico tenha 7,5 metros quadrados. Os nossos têm 10 metros quadrados”, explicou.
Moradora do povoado Lagoa Redonda, em Porto da Folha, no Alto Sertão sergipano, a agricultora Maria Aparecida dos Santos enfrenta, como a maioria dos moradores da comunidade, as dificuldades comuns a quem vive em uma região árida, marcada principalmente pela falta de oportunidades de trabalho e pela conseqüente escassez de renda. Sem trabalho e quase sempre sem dinheiro, tem sido difícil para ela atender as necessidades básicas da família.
Quando se trata de saúde, os problemas ganham proporções maiores, uma vez que o acesso ao médico exige que a agricultora empreenda uma verdadeira via-crúcis. “Sempre que adoecemos somos obrigados a ir ao município de Nossa Senhora da Glória para receber atendimento”, disse Maria Aparecida, que é mãe de uma garota de 10 anos. Ela contou que há dois meses sentiu-se mal e precisou de atendimento médico. Iniciou, então, uma jornada que a levaria a vários municípios e só a traria de volta para casa muitas horas depois.
Doente, a agricultora saiu de Lagoa Redonda no início da manhã para o povoado vizinho de Sítios Novos, em Poço Redondo, onde não conseguiu ser assistida por não ser cidadã daquele município. Ela foi encaminhada para o posto de saúde da sede de sua cidade, Porto da Folha, mas no momento não havia médico disponível. Sentindo-se cada vez mais doente, Maria Aparecida recorreu ao serviço médico ambulatorial de Glória, onde finalmente recebeu assistência e pôde voltar para casa no fim do dia. “Temos sorte quando nos resta um dinheirinho para poder pegar um carro. Quando não, a gente vai andando mesmo”, acrescentou.
A situação relatada pela sertaneja é amenizada pelo sentimento de esperança que manifesta desde que tomou conhecimento da Clínica de Saúde da Família (CSF) que vem sendo construída próxima a sua casa, com recursos do Governo de Sergipe. Olhos brilhantes e sorriso largo no rosto expressam a crença da agricultora nas mudanças concretas que irão ocorrer na vida da comunidade, a partir do próximo ano, quando a unidade de saúde entrar em funcionamento. Essa mesma expectativa anima a aposentada Abigail Maria dos Santos, 72, também moradora do povoado. “Acredito que o nosso sofrimento vai acabar”, declarou.
Saúde mais perto de casa
Da mesma forma como ocorre em Porto da Folha, o Governo do Estado está construindo uma Clínica Saúde da Família no conjunto Luiz Conceição, em Itabaiana, região Agreste de Sergipe. Moradora do conjunto habitacional, Marineuza Silva Lima, 62, hipertensa e diabética, ficou feliz ao saber que em frente a sua casa está sendo erguida uma CSF. “Teremos um médico pertinho da gente. Eu, que tenho sérios problemas de saúde, já estou mais tranqüila sabendo que não precisarei ir muito longe em busca de atendimento”, disse.
Para a comerciante Maria Élida Lima, 42, moradora da área central do município de Laranjeiras, que também é beneficiado com a construção de uma Clínica, a nova unidade de saúde significa o fim das idas para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), localizado em Aracaju. “Me sinto mais segura e feliz desde que soube que vamos ter um serviço decente de saúde em nossa comunidade”, confessou a comerciante.
No total, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Governo de Sergipe está investindo na construção, reforma e ampliação de 58 Clínicas de Saúde da Família. “As obras já estão em andamento na maioria das cidades; outras estão em processo de licitação ou de escolha do terreno, mas os recursos para este fim foram disponibilizados no início deste ano”, informou o coordenador interino de Atenção Básica da SES, Carlos Adriano de Oliveira, acrescentando que o dinheiro é liberado à medida que as obras são executadas.
A implantação das Clínicas beneficia 38 municípios, selecionados a partir de um criterioso processo de avaliação das instalações das unidades de saúde de todo o estado. O levantamento foi coordenado pela Atenção Básica, que montou uma equipe de pesquisadores próprios e contou com o apoio de gestores municipais. Os mais de 50 profissionais realizaram cerca de 600 visitas nas sedes e povoados das cidades sergipanas, num trabalho que levou três meses para ser concluído.
“Diagnosticamos um quadro de precariedade em muitas unidades de saúde. Além das péssimas condições de conservação dos prédios, constatamos que a arquitetura das instalações não respeitava nenhum tipo de padrão de ambiência compatível com o novo conceito proposto pelo Ministério da Saúde”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Rogério Carvalho. Segundo ele, a necessidade de adaptar as unidades ao novo modelo de atendimento à saúde da população somada às condições de precariedade dos prédios, os critérios populacionais e ainda a avaliação dos indicadores de saúde determinaram os investimentos da SES na área da Atenção Básica.
Porém, nada foi feito à revelia dos municípios, conforme explicou o secretário. “Os lugares contemplados foram consultados tanto sobre a escolha do terreno para as construções quanto sobre as unidades a serem reformadas”, pontuou. As obras estão orçadas em quase R$ 32 milhões e distribuem-se nas cidades de Aracaju, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Boquim, Brejo Grande, Canindé do São Francisco, Capela, Carira, Cedro de São João, Estância, General Maynard, Ilha das Flores, Indiaroba, Itabaiana, Itabaianinha, Itabi, Japaratuba, Japoatã, Lagarto, Laranjeiras, Macambira, Moita Bonita, Monte Alegre de Sergipe, Aparecida, Nossa Senhora da Glória, Lourdes, Pinhão, Pirambu, Poço Verde, Porto da Folha, Propriá, Ribeirópolis, Rosário do Catete, São Cristóvão, São Miguel do Aleixo, Simão Dias, Umbaúba e Nossa Senhora do Socorro.
“Embora a atenção básica à saúde seja uma responsabilidade dos municípios, o Governo de Sergipe amplia, aproxima e qualifica este serviço ao levar Clínicas de Saúde da Família para vários povoados, a exemplo de Lagoa Redonda (Porto da Folha), Escurial (Nossa Senhora de Lourdes), São Vicente e Matadouro (Propriá), Comandaroba (Laranjeiras) e Brasília (Nossa Senhora da Glória), entre outros”, ressaltou Carlos Adriano. Ele destacou ainda que todo o projeto do Estado para essa área contempla o total de 110 clínicas nos 75 municípios sergipanos.
Saúde de qualidade
O projeto arquitetônico de todas as Clínicas de Saúde da Família foi planejado para oferecer serviços integrais e qualificados. As instalações incluem salas de espera, de imunização, de observação e de reunião, recepção, consultórios para médicos e enfermeiros, gabinete odontológico e banheiros, inclusive para pessoas com necessidades especiais. Nestas unidades serão ofertados serviços de saúde bucal, da criança, da mulher e do adulto (homem, idoso, trabalhador e portadores de diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas), além dos cuidados da vigilância em saúde.
O coordenador interino de Atenção Básica da Secretaria explica que as unidades serão dotadas de uma a quatro equipes do Programa da Saúde da Família (PSF) - o número será determinado a partir da densidade populacional e da cobertura do programa em cada município. O Estado dispõe atualmente de 532 equipes de PSF, que oferecem uma cobertura de 99,18%, índice considerado excelente em relação ao cenário nacional. Sergipe conta ainda com 324 equipes de saúde bucal, que resulta numa cobertura de 85,71%.
Ambiência
Humanização e acessibilidade foram os principais fatores agregados ao projeto arquitetônico das Clínicas Saúde da Família, segundo destacou o gerente de Projetos de Arquitetura Hospitalar da SES, Jarbas Dutra Garcia. “Pensamos principalmente no conforto dos usuários. Por isso, valorizamos áreas abertas com jardins de inverno, ambientes com visão ampla do espaço exterior, tudo para que os pacientes não se sintam oprimidos. A idéia é que eles esqueçam um pouco que estão ali para tratar de um problema de saúde”, afirmou.
Outro detalhe citado por Jarbas Dutra diz respeito à dimensão dos espaços. “Trabalhamos com ambientes maiores do que os previstos pela RDC-50 [norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa]. Ela estabelece, por exemplo, que o consultório médico tenha 7,5 metros quadrados. Os nossos têm 10 metros quadrados”, explicou.