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Sexta-Feira, 06 de Junho de 2008 às 01:10:00
Literatura de cordel marca presença no Arraiá do Povo
"Turistas serão bem-vindos, será uma festa só. Vocês vão sentir o clima do nosso forrobodó.

"Turistas serão bem-vindos, será uma festa só. Vocês vão sentir o clima do nosso forrobodó. Vão dançar nosso xaxado e o nosso xote lascado aqui no país do forró".  Os versos do autor Ronaldo Dória exaltam o São João sergipano e convocam o público para aproveitá-lo. Mas também provam que Sergipe, além de terra dos festejos juninos, também é a da literatura de cordel. Em uma das diversas casas da cidade cenográfica do Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, a arte dos livretos pendurados em cordão está representada por cerca de 200 títulos de dois grandes autores da terra: o próprio Ronaldo Dória e o veterano Pedro Amaro do Nascimento.

Natural de Aracaju, Ronaldo Dória, 64, atua há dez anos como cordelista. Sua relação com a arte de contar histórias e fazer versos, porém, vem de muito antes. "Quando eu era pequeno, meu avô João Rodrigues reunia a gurizada, acendia um candeeiro e contava histórias a noite inteira. Isso me marcou", conta o autor. Apesar do contato precoce com as histórias, Dória se afastou da literatura e se tornou profissional de contabilidade. Já próximo da aposentadoria, porém, tomou uma decisão definitiva. "Disse a mim mesmo que nunca mais iria querer saber de números", disse aos risos. Hoje, o trovador contabiliza 76 obras de sua autoria.

Segundo ele mesmo, assunto é o que não falta. "Cordel é uma linguagem muito bonita. É possível falar sobre qualquer assunto e resumi-lo em oito páginas". Ainda para Dória, a literatura de cordel deveria ser melhor aproveitada para a educação. "Muita gente aprendeu a ler de tanto folhear o cordel". Olhando com orgulho para toda a sua obra disposta em cima da mesa, Dória disse estar satisfeito com o espaço disponibilizado para divulgar seu trabalho. "Não temos muitos lugares para expor nossos livros. Por isso esse espaço é fundamental para nós. A cultura deveria ser prioridade em qualquer lugar", destacou.

Já o recifense Pedro Amaro Nascimento, 70, se dedica aos versos desde os 13 anos.  Dentre os assuntos de suas inúmeras obras, figuram teologia, literatura, história, política e até uma biografia do papa João Paulo II, que o cordelista enviou ao papa Bento XVI. Ex-repentista, Pedro Amaro ressaltou a importância do espaço do Arraiá do Povo para a restauração da força do cordel no imaginário popular. "Esse local é muito bom para nós. E aproveito para convocar os jovens, pois muitos cordelistas têm a minha idade. Se a juventude não se interessar pelo cordel, ele logo se acabará", disse.

Nos versos de sua obra "A Capital do Forró", Ronaldo Dória reforça a convocação."Tem festa no interior e também na capital. Temos folguedos na orla e no mercado central. Pois quem é bom forrozeiro vai dançar o mês inteiro neste grande arraial". 

 

 

 

 

 

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Literatura de cordel marca presença no Arraiá do Povo
"Turistas serão bem-vindos, será uma festa só. Vocês vão sentir o clima do nosso forrobodó.
Sexta-Feira, 06 de Junho de 2008 às 01:10:00

"Turistas serão bem-vindos, será uma festa só. Vocês vão sentir o clima do nosso forrobodó. Vão dançar nosso xaxado e o nosso xote lascado aqui no país do forró".  Os versos do autor Ronaldo Dória exaltam o São João sergipano e convocam o público para aproveitá-lo. Mas também provam que Sergipe, além de terra dos festejos juninos, também é a da literatura de cordel. Em uma das diversas casas da cidade cenográfica do Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, a arte dos livretos pendurados em cordão está representada por cerca de 200 títulos de dois grandes autores da terra: o próprio Ronaldo Dória e o veterano Pedro Amaro do Nascimento.

Natural de Aracaju, Ronaldo Dória, 64, atua há dez anos como cordelista. Sua relação com a arte de contar histórias e fazer versos, porém, vem de muito antes. "Quando eu era pequeno, meu avô João Rodrigues reunia a gurizada, acendia um candeeiro e contava histórias a noite inteira. Isso me marcou", conta o autor. Apesar do contato precoce com as histórias, Dória se afastou da literatura e se tornou profissional de contabilidade. Já próximo da aposentadoria, porém, tomou uma decisão definitiva. "Disse a mim mesmo que nunca mais iria querer saber de números", disse aos risos. Hoje, o trovador contabiliza 76 obras de sua autoria.

Segundo ele mesmo, assunto é o que não falta. "Cordel é uma linguagem muito bonita. É possível falar sobre qualquer assunto e resumi-lo em oito páginas". Ainda para Dória, a literatura de cordel deveria ser melhor aproveitada para a educação. "Muita gente aprendeu a ler de tanto folhear o cordel". Olhando com orgulho para toda a sua obra disposta em cima da mesa, Dória disse estar satisfeito com o espaço disponibilizado para divulgar seu trabalho. "Não temos muitos lugares para expor nossos livros. Por isso esse espaço é fundamental para nós. A cultura deveria ser prioridade em qualquer lugar", destacou.

Já o recifense Pedro Amaro Nascimento, 70, se dedica aos versos desde os 13 anos.  Dentre os assuntos de suas inúmeras obras, figuram teologia, literatura, história, política e até uma biografia do papa João Paulo II, que o cordelista enviou ao papa Bento XVI. Ex-repentista, Pedro Amaro ressaltou a importância do espaço do Arraiá do Povo para a restauração da força do cordel no imaginário popular. "Esse local é muito bom para nós. E aproveito para convocar os jovens, pois muitos cordelistas têm a minha idade. Se a juventude não se interessar pelo cordel, ele logo se acabará", disse.

Nos versos de sua obra "A Capital do Forró", Ronaldo Dória reforça a convocação."Tem festa no interior e também na capital. Temos folguedos na orla e no mercado central. Pois quem é bom forrozeiro vai dançar o mês inteiro neste grande arraial".