Sempre com um sorriso no rosto, a técnica em nutrição Maria da Conceição Aragão chega cedo para seu dia de trabalho como merendeira no Centro de Excelência Atheneu Sergipense, e não nega a satisfação em fazer parte da equipe da escola. “Estou amando o Atheneu. Estamos sempre trabalhando juntos, ensinando uns aos outros e unindo a equipe para ter um rendimento melhor”, relata.
Dentre as unidades de Tempo Integral da rede estadual de ensino, o Atheneu é a que conta com o maior número de alunos; são mais de 960 estudantes que fazem três refeições diárias no colégio, totalizando quase três mil por dia. Para isso, a escola conta com uma equipe de dez merendeiros e uma estrutura totalmente adaptada para atender à demanda. Mas o trabalho começa bem antes da cozinha.
O processo é iniciado com pelo menos um ano de antecedência, por meio da compra dos insumos. Após isso, o planejamento da merenda escolar passa por uma série de etapas que visam garantir a nutrição e segurança alimentar dos mais de 150 mil estudantes, como explica a diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria de Estado da Educação (DAE/Seduc), Lucileide Rodrigues.
“Planejamos o cardápio de acordo com os programas de atendimento de cada faixa etária, e a partir daí os alimentos são distribuídos na escola; determinamos a quantidade per capta de acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e com as necessidades nutricionais. Para esse alimento chegar ao aluno, ele passa por diversas etapas além da elaboração do cardápio, compra e distribuição. Também há a capacitação do manipulador de alimentos, orientação da equipe gestora e dos fornecedores, e ainda a educação alimentar dos alunos”, detalhou.
Ela explica que, além do cardápio adaptado à faixa etária dos estudantes, a quantidade de refeições oferecidas em todas as 318 escolas da rede estadual é determinada a partir do modelo de ensino. “Nas escolas onde os estudantes passam apenas um turno, eles recebem uma refeição que corresponde a 20% das necessidades calóricas diárias”, afirma. Já nas unidades que funcionam em Tempo Integral, os alunos são alimentados com três refeições diárias - o lanche da manhã, servido às 9h30, o almoço, às 11h30, e o lanche da tarde, às 14h30.
E esse processo ultrapassa os muros da escola. “O objetivo do Governo do Estado, por meio da Seduc, é garantir uma alimentação saudável e a segurança alimentar e nutricional dos alunos. Temos uma equipe de nutrição que visita as escolas, aplica alguns formulários, conversa com os estudantes e promove a conscientização dos pais, para que esse aluno tenha a alimentação mais saudável possível não apenas dentro do ambiente escolar, mas no ambiente familiar”, completou a diretora.
A nutricionista da Seduc, Dayanne Marques, acrescenta que os cardápios são elaborados por cada unidade escolar semanalmente, seguindo as regras do FNDE. Ela reforça que enquanto nas escolas onde os alunos passam apenas um turno é necessário cumprir 20% da necessidade energética do estudante, nas escolas de Tempo Integral esse valor é de 70%, devido ao horário letivo estendido.
De acordo com Dayenne, essa medida é fundamental para o crescimento saudável das crianças e adolescentes e para o processo de aprendizagem. “É uma fase que eles precisam de todo o suporte de nutrientes, tanto para a evolução tanto do corpo quanto para a função cognitiva. Eles precisam comer o que está sendo oferecido, então precisamos ter o cuidado e, além da necessidade energética, precisamos garantir a qualidade de nutrientes”, explicou. Nesse sentido, as escolas buscam elaborar cardápios variados, compostos de dois a três carboidratos, uma opção de proteína e uma guarnição, além de fruta ou suco.
A novidade é o programa Filé de Camarão na Alimentação Escolar, por meio do qual foi introduzido camarão ao cardápio das 42 escolas de Tempo Integral das regiões sul e baixo São Francisco e de Aracaju. Segundo Lucileide, a medida foi adotada somente nessas unidades devido à maior disponibilidade do marisco nas regiões, o que facilita a aquisição e logística do produto. A mudança foi motivo de comemoração entre os estudantes contemplados, mas eles afirmam que os demais itens da merenda escolar não ficam para trás.
Estudante da 3ª série do ensino médio no Centro de Excelência João Costa, a jovem Kailane Aysha, de 19 anos, faz as três refeições na escola diariamente. Segundo ela, a qualidade da merenda melhorou bastante ao longo do último ano, atendendo às necessidades dos alunos. “Não tem um dia que a gente não coma. Todo dia tem uma variedade de lanches e melhorou muito desde o ano passado, temos mais opções. O almoço é reforçado, tem salada, frango, carne moída, carne cozida, o sal é na medida certa, e agora tem camarão. As meninas da nutrição vêm acompanhar os almoços da gente, e as tias são muito legais”, considerou.
Assim como ela, seu colega Kayky Luan, 17, acredita que a merenda é fundamental para garantir o bem estar do aluno durante a rotina escolar. “É muito boa. Esta semana teve carne moída com inhame, macaxeira e cuscuz nos lanches, e como é uma escola em tempo integral, sustenta mais durante o dia, além do almoço”, afirmou.
A situação não é diferente no Atheneu. A estudante da 2ª série Rany Lima, 17, aprova os lanches e o almoço oferecidos na escola. “O café da manhã é super ‘de boa’, tem broa, bolo. No almoço é melhor quando tem camarão porque é um tempero diferente, mas o frango também é bom”, disse.
O estudante da 3ª série Nelson dos Santos, 18, chama atenção para a importância de uma boa alimentação na rotina escolar. “Muitos alunos vêm até a escola para se alimentar melhor, até porque estudar de barriga vazia é complicado. Não só o almoço, o lanche da manhã e da tarde, tudo tem uma qualidade muito boa”, ponderou.
Quem também não deixa de aproveitar o cardápio do Atheneu é a estudante Júlia Mahara, 15, da 1ª série. “É maravilhosa, a comida é muito gostosa. Na maioria das vezes quando eu chego em casa eu nem tenho mais apetite, porque já fico satisfeita de tanto comer na escola. E o tempero das tias é perfeito”, disse a estudante.
Na cozinha
O clima de satisfação também é perceptível nas cozinhas das unidades escolares. Segundo Patrícia dos Santos, que compõe a equipe de merendeiros do Atheneu, apesar de a rotina ser um desafio, tudo é feito com muita atenção. “Temos o cuidado de sempre manter tudo limpo e organizado e de fazer tudo com cautela, desde a higienização dos alimentos ao armazenamento. Quando chegam as hortaliças, colocamos sempre as mais maduras para usar logo”, detalhou.
Ainda segundo a merendeira, também são realizados cursos de capacitação, para que o trabalho seja sempre o melhor possível. “Sempre tentamos melhorar. Passamos por um curso de manipulação de alimentos e foi muito interessante, sempre tem algo para a gente acrescentar ao currículo”, contou Patrícia.
Para Fábio Cruz dos Santos, que também é merendeiro do Atheneu, o trabalho em equipe é fundamental para garantir uma boa dinâmica na cozinha. “Enquanto eu estou preparando o feijão, outra pessoa já vai cortando uma verdura, outra já vai fazendo a limpeza e organização para quando chegar na hora do almoço estar tudo pronto para servir”, disse.
No João Costa, onde estudam 675 alunos, o gastrólogo Olavo Lima é um dos nove funcionários que fazem parte da equipe da merenda escolar. Ele garante que tudo é feito com muita dedicação à comunidade escolar. “A rotina é grande pois são muitos alunos, então temos muito cuidado com os alimentos”, afirmou.
E a merendeira Maria Edinezia de Jesus reforça a afirmação do colega, chamando atenção para os cuidados com a segurança alimentar. “Usamos luvas, máscaras e toucas, e também temos a higiene pessoal, cortamos as unhas e lavamos as mãos para não ter nenhum problema”, considerou.
Profin
O Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais (Profin) foi instituído em 2018 com o objetivo de prestar assistência financeira às escolas públicas da educação básica da rede estadual em Sergipe. Uma das finalidades do Profin é a aquisição de gêneros alimentícios para preparo da merenda escolar.
Segundo Daniel Lemos, diretor do Atheneu, a implementação do Programa possibilitou a promoção de uma maior variedade nos cardápios da merenda, visto que as escolas passaram a ter maior autonomia para adaptar a alimentação às necessidades específicas de cada comunidade escolar.
“Hoje temos uma lógica diferente, com a descentralização da merenda. Com o Profin, que capacita a escola a fazer compras de alimentos, nós acabamos enriquecendo um pouco mais esse cardápio e proporcionamos uma maior autonomia para a escola, de acordo com a região, com os gostos e as necessidades mais imediatas da escola”, considera o diretor.
Assim como ele, Rosângela Oliveira, diretora em exercício do João Costa, chama a atenção para a possibilidade de adaptar o cardápio às especificidades de cada escola, seja pelo gosto dos alunos ou por restrições alimentares como alergias e intolerâncias. “Agora mesmo perguntei quem não pode comer leite, quem é intolerante, então temos que separar, caso a refeição do dia tenha o ingrediente na preparação, e a gente tem que fazer aquilo que o aluno gosta”, exemplifica a diretora.
Sempre com um sorriso no rosto, a técnica em nutrição Maria da Conceição Aragão chega cedo para seu dia de trabalho como merendeira no Centro de Excelência Atheneu Sergipense, e não nega a satisfação em fazer parte da equipe da escola. “Estou amando o Atheneu. Estamos sempre trabalhando juntos, ensinando uns aos outros e unindo a equipe para ter um rendimento melhor”, relata.
Dentre as unidades de Tempo Integral da rede estadual de ensino, o Atheneu é a que conta com o maior número de alunos; são mais de 960 estudantes que fazem três refeições diárias no colégio, totalizando quase três mil por dia. Para isso, a escola conta com uma equipe de dez merendeiros e uma estrutura totalmente adaptada para atender à demanda. Mas o trabalho começa bem antes da cozinha.
O processo é iniciado com pelo menos um ano de antecedência, por meio da compra dos insumos. Após isso, o planejamento da merenda escolar passa por uma série de etapas que visam garantir a nutrição e segurança alimentar dos mais de 150 mil estudantes, como explica a diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria de Estado da Educação (DAE/Seduc), Lucileide Rodrigues.
“Planejamos o cardápio de acordo com os programas de atendimento de cada faixa etária, e a partir daí os alimentos são distribuídos na escola; determinamos a quantidade per capta de acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e com as necessidades nutricionais. Para esse alimento chegar ao aluno, ele passa por diversas etapas além da elaboração do cardápio, compra e distribuição. Também há a capacitação do manipulador de alimentos, orientação da equipe gestora e dos fornecedores, e ainda a educação alimentar dos alunos”, detalhou.
Ela explica que, além do cardápio adaptado à faixa etária dos estudantes, a quantidade de refeições oferecidas em todas as 318 escolas da rede estadual é determinada a partir do modelo de ensino. “Nas escolas onde os estudantes passam apenas um turno, eles recebem uma refeição que corresponde a 20% das necessidades calóricas diárias”, afirma. Já nas unidades que funcionam em Tempo Integral, os alunos são alimentados com três refeições diárias - o lanche da manhã, servido às 9h30, o almoço, às 11h30, e o lanche da tarde, às 14h30.
E esse processo ultrapassa os muros da escola. “O objetivo do Governo do Estado, por meio da Seduc, é garantir uma alimentação saudável e a segurança alimentar e nutricional dos alunos. Temos uma equipe de nutrição que visita as escolas, aplica alguns formulários, conversa com os estudantes e promove a conscientização dos pais, para que esse aluno tenha a alimentação mais saudável possível não apenas dentro do ambiente escolar, mas no ambiente familiar”, completou a diretora.
A nutricionista da Seduc, Dayanne Marques, acrescenta que os cardápios são elaborados por cada unidade escolar semanalmente, seguindo as regras do FNDE. Ela reforça que enquanto nas escolas onde os alunos passam apenas um turno é necessário cumprir 20% da necessidade energética do estudante, nas escolas de Tempo Integral esse valor é de 70%, devido ao horário letivo estendido.
De acordo com Dayenne, essa medida é fundamental para o crescimento saudável das crianças e adolescentes e para o processo de aprendizagem. “É uma fase que eles precisam de todo o suporte de nutrientes, tanto para a evolução tanto do corpo quanto para a função cognitiva. Eles precisam comer o que está sendo oferecido, então precisamos ter o cuidado e, além da necessidade energética, precisamos garantir a qualidade de nutrientes”, explicou. Nesse sentido, as escolas buscam elaborar cardápios variados, compostos de dois a três carboidratos, uma opção de proteína e uma guarnição, além de fruta ou suco.
A novidade é o programa Filé de Camarão na Alimentação Escolar, por meio do qual foi introduzido camarão ao cardápio das 42 escolas de Tempo Integral das regiões sul e baixo São Francisco e de Aracaju. Segundo Lucileide, a medida foi adotada somente nessas unidades devido à maior disponibilidade do marisco nas regiões, o que facilita a aquisição e logística do produto. A mudança foi motivo de comemoração entre os estudantes contemplados, mas eles afirmam que os demais itens da merenda escolar não ficam para trás.
Estudante da 3ª série do ensino médio no Centro de Excelência João Costa, a jovem Kailane Aysha, de 19 anos, faz as três refeições na escola diariamente. Segundo ela, a qualidade da merenda melhorou bastante ao longo do último ano, atendendo às necessidades dos alunos. “Não tem um dia que a gente não coma. Todo dia tem uma variedade de lanches e melhorou muito desde o ano passado, temos mais opções. O almoço é reforçado, tem salada, frango, carne moída, carne cozida, o sal é na medida certa, e agora tem camarão. As meninas da nutrição vêm acompanhar os almoços da gente, e as tias são muito legais”, considerou.
Assim como ela, seu colega Kayky Luan, 17, acredita que a merenda é fundamental para garantir o bem estar do aluno durante a rotina escolar. “É muito boa. Esta semana teve carne moída com inhame, macaxeira e cuscuz nos lanches, e como é uma escola em tempo integral, sustenta mais durante o dia, além do almoço”, afirmou.
A situação não é diferente no Atheneu. A estudante da 2ª série Rany Lima, 17, aprova os lanches e o almoço oferecidos na escola. “O café da manhã é super ‘de boa’, tem broa, bolo. No almoço é melhor quando tem camarão porque é um tempero diferente, mas o frango também é bom”, disse.
O estudante da 3ª série Nelson dos Santos, 18, chama atenção para a importância de uma boa alimentação na rotina escolar. “Muitos alunos vêm até a escola para se alimentar melhor, até porque estudar de barriga vazia é complicado. Não só o almoço, o lanche da manhã e da tarde, tudo tem uma qualidade muito boa”, ponderou.
Quem também não deixa de aproveitar o cardápio do Atheneu é a estudante Júlia Mahara, 15, da 1ª série. “É maravilhosa, a comida é muito gostosa. Na maioria das vezes quando eu chego em casa eu nem tenho mais apetite, porque já fico satisfeita de tanto comer na escola. E o tempero das tias é perfeito”, disse a estudante.
Na cozinha
O clima de satisfação também é perceptível nas cozinhas das unidades escolares. Segundo Patrícia dos Santos, que compõe a equipe de merendeiros do Atheneu, apesar de a rotina ser um desafio, tudo é feito com muita atenção. “Temos o cuidado de sempre manter tudo limpo e organizado e de fazer tudo com cautela, desde a higienização dos alimentos ao armazenamento. Quando chegam as hortaliças, colocamos sempre as mais maduras para usar logo”, detalhou.
Ainda segundo a merendeira, também são realizados cursos de capacitação, para que o trabalho seja sempre o melhor possível. “Sempre tentamos melhorar. Passamos por um curso de manipulação de alimentos e foi muito interessante, sempre tem algo para a gente acrescentar ao currículo”, contou Patrícia.
Para Fábio Cruz dos Santos, que também é merendeiro do Atheneu, o trabalho em equipe é fundamental para garantir uma boa dinâmica na cozinha. “Enquanto eu estou preparando o feijão, outra pessoa já vai cortando uma verdura, outra já vai fazendo a limpeza e organização para quando chegar na hora do almoço estar tudo pronto para servir”, disse.
No João Costa, onde estudam 675 alunos, o gastrólogo Olavo Lima é um dos nove funcionários que fazem parte da equipe da merenda escolar. Ele garante que tudo é feito com muita dedicação à comunidade escolar. “A rotina é grande pois são muitos alunos, então temos muito cuidado com os alimentos”, afirmou.
E a merendeira Maria Edinezia de Jesus reforça a afirmação do colega, chamando atenção para os cuidados com a segurança alimentar. “Usamos luvas, máscaras e toucas, e também temos a higiene pessoal, cortamos as unhas e lavamos as mãos para não ter nenhum problema”, considerou.
Profin
O Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais (Profin) foi instituído em 2018 com o objetivo de prestar assistência financeira às escolas públicas da educação básica da rede estadual em Sergipe. Uma das finalidades do Profin é a aquisição de gêneros alimentícios para preparo da merenda escolar.
Segundo Daniel Lemos, diretor do Atheneu, a implementação do Programa possibilitou a promoção de uma maior variedade nos cardápios da merenda, visto que as escolas passaram a ter maior autonomia para adaptar a alimentação às necessidades específicas de cada comunidade escolar.
“Hoje temos uma lógica diferente, com a descentralização da merenda. Com o Profin, que capacita a escola a fazer compras de alimentos, nós acabamos enriquecendo um pouco mais esse cardápio e proporcionamos uma maior autonomia para a escola, de acordo com a região, com os gostos e as necessidades mais imediatas da escola”, considera o diretor.
Assim como ele, Rosângela Oliveira, diretora em exercício do João Costa, chama a atenção para a possibilidade de adaptar o cardápio às especificidades de cada escola, seja pelo gosto dos alunos ou por restrições alimentares como alergias e intolerâncias. “Agora mesmo perguntei quem não pode comer leite, quem é intolerante, então temos que separar, caso a refeição do dia tenha o ingrediente na preparação, e a gente tem que fazer aquilo que o aluno gosta”, exemplifica a diretora.