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Segunda-Feira, 11 de Setembro de 2017 às 17:32:00
Secretário do Meio Ambiente participa da Festa de Independência da tribo Xocó
Olivier Chagas participou da festa que registra a conquista das terras da comunidade indígena Xocó, da Ilha de São Pedro, localizada no município de Porto da Folha/SE

Na manhã desse sábado, 9, o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, participou da festa que registra a conquista das terras da comunidade indígena Xocó, da Ilha de São Pedro, localizada no município de Porto da Folha/SE. Tanto a Semarh quanto o Ibama assumiram recentemente o compromisso de solucionar problemas ambientais da comunidade, como a questão do descarte dos resíduos sólidos e os trabalhos com educação ambiental. 

Os índios da tribo apresentaram-se dançando o Toré no centro da tribo e depois participaram da missa realizada na igreja da própria aldeia. O evento, que comemorou 38 anos da retomada das terras Xocós, contou com a presença de estudantes, professores, pesquisadores, curiosos e autoridades de diversas partes do Brasil. 

“É uma festa que representa nossa cultura. Cultura indígena, dos primeiros povos do Brasil que com muita dificuldade estão conseguindo manter a sua história, a sua tradição, a sua cultura. Por isso estamos aqui comemorando, participando dessa festa, comungando disso com eles. Os índios Xocós é o que nós temos de mais sublime de representação indígena no Estado de Sergipe”, afirmou o secretário Olivier Chagas.

Apolônio Xocó foi o primeiro cacique da tribo. Ele faz questão de reforçar a soberania do povo Xocó. “Há 38 anos, em um dia de domingo, nós chegamos nessa ilha. O que temos hoje, não é o que encontramos quando chegamos aqui, as coisas mudaram muito. Aqui nós temos independência, porque o juiz daqui é o Xocó, o governador é o Xocó, o prefeito é o Xocó, o vereador é Xocó, o deputado estadual é Xocó, o deputado federal é Xocó, o senador é Xocó, não tem presidente. Aqui quem manda é o povo Xocó”.

“Isso aqui representa a liberdade do povo Xocó, a vida desse povo. O nosso povo vivia submisso aos fazendeiros, não tinham onde morar, não tinha liberdade e hoje temos liberdade de cultura, esse resgate dessa cultura. Hoje vivemos em um país liberto que é a nossa comunidade Xocó”, complementa Lindomar Xocó, membro do Conselho Nacional de Políticas Indígenas (CNPI).

Nascida na tribo, com apenas 19 anos, Sasha Nogueira dos Santos reconhece a importância da luta de seus ancestrais. “É relembrar nossa história, manter viva nossa cultura, principalmente. Nós somos conhecidos pela nossa cultura e se ela morrer, perderemos nossa identidade. É sempre bom comemorar, porque essa foi uma vitória muito grande para o nosso povo”.

Nadja Naira Alves da Silva Rodrigues foi diretora da Escola Estadual Indígena Dom José Brandao de Castro por 22 anos. Segundo ela, desde cedo, os adolescentes já demonstram o apego à cultura. “Eles adoram dançar, usam os colares deles e se pintam. Dessa forma, a espiritualidade da tribo se mantém. A espiritualidade é tudo. A comunidade está de pé hoje graças a espiritualidade de nosso cacique”.

O coordenador técnico da Funai na Comunidade Indígena Xocó, Josinaldo Ribeiro da Silva, ressaltou que, além do apelo histórico-cultural, o evento também possui um valor político. “Esse evento é importantíssimo porque ele tanto retrata o fortalecimento cultural, como também traz as autoridades aqui presentes para um outro olhar. Aqui é um território federal, dentro do estado de Sergipe, que precisa ter um olhar melhor das autoridades. Afinal, a comunidade indígena Xocó é a única de Sergipe, o que eleva a cultura desse povo”.

Visitantes

Os visitantes se dividiam em estudantes, professores, pesquisadores, curiosos, apreciadores da cultura e autoridades de diversas partes do Brasil. Alguns visitam a tribo todos os anos, outros estavam fazendo a visita pela primeira vez. Todos ficaram encantados com a riqueza e beleza das apresentações.

“Todos os anos eu venho. Eu acho a tradição deles muito bonita. Eles são muito unidos, isso aqui não deveria acabar nunca”, valorizou Maria Gorete Ferreira, assentada da comunidade vizinha a tribo Xocó.

Janaina Elizabete Silva é aluna de Dança na Universidade Federal de Sergipe e ficou contagiada. “Eu moro em Sergipe há muito tempo e não sabia que existia essa festa. Para mim, é muito gratificante estar aqui prestigiando essa festa maravilhosa. Eles são de uma energia que nos contagia”.

A professora de Janaina, Bianca Bazzo Rodrigues, assegurou que o aprendizado vai além da dança. “É tudo muito encantador. Não só em questão de dança, mas enquanto discursões étnicas e raciais, o aprendizado é muito grande. São questões que hoje estão vindo com mais força em questão de luta”.

O deputado federal João Daniel acompanha a luta Xocó há bastante tempo. “Nós acompanhamos a luta histórica dos povos indígenas no Brasil. Sergipe tem a felicidade de depois de muita luta ter a aldeia e um povo que vive em paz com a conquista das terras Xocós. Estamos aqui para valorizar a acultura, a história, a memória e luta do povo Xocó”.

Outro admirador do povo é o secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Esmeraldo Leal. “Eles são de uma luta histórica para o estado de Sergipe. Eles passaram por muitas disputas, envolvendo o judiciário, o executivo e os coronéis locais. Essa resistência deles virou símbolo para Sergipe. Isso fez desse, o único foco de resistência indígena reconhecido”.

Tribo

A tribo Xocó é a única comunidade indígena de Sergipe legalmente reconhecida. Desde 9 de setembro de 1979, os indígenas voltaram a ocupar a Ilha de São Pedro, território do qual haviam sido expulsos pelos jesuítas séculos atrás. Apenas nos anos de 1990, a Funai homologou a Caiçara, território que eles também reivindicavam, como parte das terras indígenas de etnia Xocó.

A aldeia abriga mais de 600 índios em um território de aproximadamente 4.500 hectares. Desde 2003, o Cacique Bá é o responsável pelos assuntos materiais, administrativos e sociais da comunidade. Além disso, o cacique ainda está acumulando a função de pajé, já que o anterior faleceu e um novo ainda não foi escolhido.

 

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Secretário do Meio Ambiente participa da Festa de Independência da tribo Xocó
Olivier Chagas participou da festa que registra a conquista das terras da comunidade indígena Xocó, da Ilha de São Pedro, localizada no município de Porto da Folha/SE
Segunda-Feira, 11 de Setembro de 2017 às 17:32:00

Na manhã desse sábado, 9, o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, participou da festa que registra a conquista das terras da comunidade indígena Xocó, da Ilha de São Pedro, localizada no município de Porto da Folha/SE. Tanto a Semarh quanto o Ibama assumiram recentemente o compromisso de solucionar problemas ambientais da comunidade, como a questão do descarte dos resíduos sólidos e os trabalhos com educação ambiental. 

Os índios da tribo apresentaram-se dançando o Toré no centro da tribo e depois participaram da missa realizada na igreja da própria aldeia. O evento, que comemorou 38 anos da retomada das terras Xocós, contou com a presença de estudantes, professores, pesquisadores, curiosos e autoridades de diversas partes do Brasil. 

“É uma festa que representa nossa cultura. Cultura indígena, dos primeiros povos do Brasil que com muita dificuldade estão conseguindo manter a sua história, a sua tradição, a sua cultura. Por isso estamos aqui comemorando, participando dessa festa, comungando disso com eles. Os índios Xocós é o que nós temos de mais sublime de representação indígena no Estado de Sergipe”, afirmou o secretário Olivier Chagas.

Apolônio Xocó foi o primeiro cacique da tribo. Ele faz questão de reforçar a soberania do povo Xocó. “Há 38 anos, em um dia de domingo, nós chegamos nessa ilha. O que temos hoje, não é o que encontramos quando chegamos aqui, as coisas mudaram muito. Aqui nós temos independência, porque o juiz daqui é o Xocó, o governador é o Xocó, o prefeito é o Xocó, o vereador é Xocó, o deputado estadual é Xocó, o deputado federal é Xocó, o senador é Xocó, não tem presidente. Aqui quem manda é o povo Xocó”.

“Isso aqui representa a liberdade do povo Xocó, a vida desse povo. O nosso povo vivia submisso aos fazendeiros, não tinham onde morar, não tinha liberdade e hoje temos liberdade de cultura, esse resgate dessa cultura. Hoje vivemos em um país liberto que é a nossa comunidade Xocó”, complementa Lindomar Xocó, membro do Conselho Nacional de Políticas Indígenas (CNPI).

Nascida na tribo, com apenas 19 anos, Sasha Nogueira dos Santos reconhece a importância da luta de seus ancestrais. “É relembrar nossa história, manter viva nossa cultura, principalmente. Nós somos conhecidos pela nossa cultura e se ela morrer, perderemos nossa identidade. É sempre bom comemorar, porque essa foi uma vitória muito grande para o nosso povo”.

Nadja Naira Alves da Silva Rodrigues foi diretora da Escola Estadual Indígena Dom José Brandao de Castro por 22 anos. Segundo ela, desde cedo, os adolescentes já demonstram o apego à cultura. “Eles adoram dançar, usam os colares deles e se pintam. Dessa forma, a espiritualidade da tribo se mantém. A espiritualidade é tudo. A comunidade está de pé hoje graças a espiritualidade de nosso cacique”.

O coordenador técnico da Funai na Comunidade Indígena Xocó, Josinaldo Ribeiro da Silva, ressaltou que, além do apelo histórico-cultural, o evento também possui um valor político. “Esse evento é importantíssimo porque ele tanto retrata o fortalecimento cultural, como também traz as autoridades aqui presentes para um outro olhar. Aqui é um território federal, dentro do estado de Sergipe, que precisa ter um olhar melhor das autoridades. Afinal, a comunidade indígena Xocó é a única de Sergipe, o que eleva a cultura desse povo”.

Visitantes

Os visitantes se dividiam em estudantes, professores, pesquisadores, curiosos, apreciadores da cultura e autoridades de diversas partes do Brasil. Alguns visitam a tribo todos os anos, outros estavam fazendo a visita pela primeira vez. Todos ficaram encantados com a riqueza e beleza das apresentações.

“Todos os anos eu venho. Eu acho a tradição deles muito bonita. Eles são muito unidos, isso aqui não deveria acabar nunca”, valorizou Maria Gorete Ferreira, assentada da comunidade vizinha a tribo Xocó.

Janaina Elizabete Silva é aluna de Dança na Universidade Federal de Sergipe e ficou contagiada. “Eu moro em Sergipe há muito tempo e não sabia que existia essa festa. Para mim, é muito gratificante estar aqui prestigiando essa festa maravilhosa. Eles são de uma energia que nos contagia”.

A professora de Janaina, Bianca Bazzo Rodrigues, assegurou que o aprendizado vai além da dança. “É tudo muito encantador. Não só em questão de dança, mas enquanto discursões étnicas e raciais, o aprendizado é muito grande. São questões que hoje estão vindo com mais força em questão de luta”.

O deputado federal João Daniel acompanha a luta Xocó há bastante tempo. “Nós acompanhamos a luta histórica dos povos indígenas no Brasil. Sergipe tem a felicidade de depois de muita luta ter a aldeia e um povo que vive em paz com a conquista das terras Xocós. Estamos aqui para valorizar a acultura, a história, a memória e luta do povo Xocó”.

Outro admirador do povo é o secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Esmeraldo Leal. “Eles são de uma luta histórica para o estado de Sergipe. Eles passaram por muitas disputas, envolvendo o judiciário, o executivo e os coronéis locais. Essa resistência deles virou símbolo para Sergipe. Isso fez desse, o único foco de resistência indígena reconhecido”.

Tribo

A tribo Xocó é a única comunidade indígena de Sergipe legalmente reconhecida. Desde 9 de setembro de 1979, os indígenas voltaram a ocupar a Ilha de São Pedro, território do qual haviam sido expulsos pelos jesuítas séculos atrás. Apenas nos anos de 1990, a Funai homologou a Caiçara, território que eles também reivindicavam, como parte das terras indígenas de etnia Xocó.

A aldeia abriga mais de 600 índios em um território de aproximadamente 4.500 hectares. Desde 2003, o Cacique Bá é o responsável pelos assuntos materiais, administrativos e sociais da comunidade. Além disso, o cacique ainda está acumulando a função de pajé, já que o anterior faleceu e um novo ainda não foi escolhido.