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Quarta-Feira, 24 de Julho de 2024 às 16:00:00
Indígenas Xokó comemoram seleção de documentário sergipano em mostra do Festival de Cinema de Gramado
Ambientado na Terra Indígena Caiçara, o filme traz cenas da vida em comunidade e conta com a participação de alunos, professores e lideranças indígenas

No sertão sergipano, o retorno às aulas sempre foi motivo de alegria e de confraternização. Desta vez, no entanto, a comunidade escolar do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, situado na Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha, vibrou com uma notícia inusitada: a seleção do longa documental ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’, na mostra competitiva do 52º Festival de Cinema de Gramado. Ambientada na Terra Indígena Caiçara, a obra cinematográfica traz cenas da vida em comunidade e conta com a participação de alunos, professores e lideranças indígenas, que narram a relação de respeito e de gratidão deste povo ao rio São Francisco.

De acordo com a diretora da unidade escolar, Ângela Apolônio, todos na escola e na comunidade estão radiantes com a notícia. “Ver a história do nosso povo ser contada pelos quatro cantos do país é motivo de orgulho para todos nós que fazemos parte do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro. O documentário ‘Velho Chico, a Alma do povo Xokó’ representa não só o nosso povo Xokó, mas também o nosso estado e a nossa gente”, afirma.

Para a coordenadora pedagógica Daniely Silva dos Santos Lima, ter um documentário sobre o povo Xokó selecionado para uma mostra competitiva, no mais respeitado festival de cinema brasileiro, é uma grande conquista. “Como professora indígena Xokó, ressalto a importância da realização de trabalhos como este, os quais registram e divulgam a história do nosso povo. O documentário, além de materializar a vivência do nosso povo, a nossa relação com o rio São Francisco, registra também o trabalho desenvolvido no Colégio Indígena Estadual. É motivo de muita alegria e orgulho participar desse documentário”, frisa. Daniely lembra ainda: “Tem um canto, aqui do nosso povo, que diz: ‘Nunca mais morreremos’. Temos a certeza de que essa produção serve para eternizar o nome do Povo Xokó”, reforça.

O aluno Gustavo Maciel Acácio Lima, de 14 anos, considera importante apresentar a cultura Xokó para que os não indígenas aprendam a respeitá-la. “As pessoas não sabem como a gente vive, por isso o documentário é importante, pois temos a oportunidade de fazer com que nos conheçam da forma como queremos ser vistos”, completa.

Na avaliação do Cacique Bá, a escolha do documentário para integrar a mostra competitiva, em Gramado, é considerada uma vitória. “É muito emocionante tudo isso. Desde as filmagens que isso mexe com a gente. As falas marcantes, profundas, nos inspiram. Nós já somos vitoriosos, porque essa produção mostra que nós temos uma história, temos uma alma, a alma Xokó, e temos a nossa fonte de existência que é o Velho Chico, mas eu acredito que podemos subir mais um degrau e trazer o troféu para casa”, diz a liderança indígena referindo-se ao Kikito de Ouro, principal troféu do cinema brasileiro.

Sobre a obra cinematográfica

A organização do 52º Festival de Cinema de Gramado anunciou em coletiva à imprensa, na semana passada, os filmes concorrentes nas mostras competitivas de curtas-metragens brasileiros e longas documentais. Dos 158 títulos submetidos, os curadores escolheram cinco para compor a competição, dentre eles, ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’ - um documentário sergipano com 71 minutos de duração, que narra, de forma poética, a história de um rio e de um povo. Duas histórias que se fundem, sendo ambas fundamentais para entendermos a própria história de Sergipe.

O rio São Francisco, chamado pelos povos indígenas de Opará (Rio-Mar), é uma entidade tão viva e tão presente na vida dos ribeirinhos que eles também o chamam de Velho Chico, como se estivessem se referindo a uma pessoa, um parente, um ancião.

A produtora executiva de ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’, Cacilda de Jesus, ressalta que o filme conta a história de um, entre vários outros grupos humanos, que vive às margens do rio São Francisco. “Contamos a história do povo Xokó, que tem uma ligação umbilical com o São Francisco. Tratamos das suas lutas e conquistas, da retomada de suas terras, da cultura da cerâmica e dos rituais indígenas, como o Ouricuri (espaço sagrado) e o Toré (dança circular indígena). É um filme que fala do Brasil e deve ser visto por todos os brasileiros, independentemente de diferenças econômicas, sociais ou culturais. Sua temática é adequada para estudantes, portanto, interessa também aos professores; sua linguagem é construída para ser compreendida por pessoas de todas as faixas etárias e de diferentes classes sociais”, explica.

“A memória coletiva desse povo e seus saberes tradicionais, bem como a relação dos Xokó com o rio e com o meio ambiente, são conhecimentos transmitidos tradicionalmente pela oralidade, de geração a geração, mas também encontram espaço de ressonância no ambiente escolar”, acrescenta a pesquisadora e produtora do documentário, Michele Amorim Becker.

'Velho Chico, a alma do povo Xokó’ é uma realização da WG Produções, com direção de Caco Souza, roteiro de Lelê Teles, produção executiva de Cacilda de Jesus, pesquisa e produção de Michele Amorim Becker. A obra obteve recursos da Agência Nacional de Cinema (Ancine), por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O documentário também conta com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) e da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), no que tange à divulgação da obra documental.

O 52º Festival de Cinema de Gramado ocorre entre os dias 9 e 17 de agosto. Já a Mostra Competitiva de Longas Documentais segue com exibição exclusiva pela grade linear do Canal Brasil, de 12 a 16 de agosto, no horário das 20h20.

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Indígenas Xokó comemoram seleção de documentário sergipano em mostra do Festival de Cinema de Gramado
Ambientado na Terra Indígena Caiçara, o filme traz cenas da vida em comunidade e conta com a participação de alunos, professores e lideranças indígenas
Quarta-Feira, 24 de Julho de 2024 às 16:00:00

No sertão sergipano, o retorno às aulas sempre foi motivo de alegria e de confraternização. Desta vez, no entanto, a comunidade escolar do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, situado na Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha, vibrou com uma notícia inusitada: a seleção do longa documental ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’, na mostra competitiva do 52º Festival de Cinema de Gramado. Ambientada na Terra Indígena Caiçara, a obra cinematográfica traz cenas da vida em comunidade e conta com a participação de alunos, professores e lideranças indígenas, que narram a relação de respeito e de gratidão deste povo ao rio São Francisco.

De acordo com a diretora da unidade escolar, Ângela Apolônio, todos na escola e na comunidade estão radiantes com a notícia. “Ver a história do nosso povo ser contada pelos quatro cantos do país é motivo de orgulho para todos nós que fazemos parte do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro. O documentário ‘Velho Chico, a Alma do povo Xokó’ representa não só o nosso povo Xokó, mas também o nosso estado e a nossa gente”, afirma.

Para a coordenadora pedagógica Daniely Silva dos Santos Lima, ter um documentário sobre o povo Xokó selecionado para uma mostra competitiva, no mais respeitado festival de cinema brasileiro, é uma grande conquista. “Como professora indígena Xokó, ressalto a importância da realização de trabalhos como este, os quais registram e divulgam a história do nosso povo. O documentário, além de materializar a vivência do nosso povo, a nossa relação com o rio São Francisco, registra também o trabalho desenvolvido no Colégio Indígena Estadual. É motivo de muita alegria e orgulho participar desse documentário”, frisa. Daniely lembra ainda: “Tem um canto, aqui do nosso povo, que diz: ‘Nunca mais morreremos’. Temos a certeza de que essa produção serve para eternizar o nome do Povo Xokó”, reforça.

O aluno Gustavo Maciel Acácio Lima, de 14 anos, considera importante apresentar a cultura Xokó para que os não indígenas aprendam a respeitá-la. “As pessoas não sabem como a gente vive, por isso o documentário é importante, pois temos a oportunidade de fazer com que nos conheçam da forma como queremos ser vistos”, completa.

Na avaliação do Cacique Bá, a escolha do documentário para integrar a mostra competitiva, em Gramado, é considerada uma vitória. “É muito emocionante tudo isso. Desde as filmagens que isso mexe com a gente. As falas marcantes, profundas, nos inspiram. Nós já somos vitoriosos, porque essa produção mostra que nós temos uma história, temos uma alma, a alma Xokó, e temos a nossa fonte de existência que é o Velho Chico, mas eu acredito que podemos subir mais um degrau e trazer o troféu para casa”, diz a liderança indígena referindo-se ao Kikito de Ouro, principal troféu do cinema brasileiro.

Sobre a obra cinematográfica

A organização do 52º Festival de Cinema de Gramado anunciou em coletiva à imprensa, na semana passada, os filmes concorrentes nas mostras competitivas de curtas-metragens brasileiros e longas documentais. Dos 158 títulos submetidos, os curadores escolheram cinco para compor a competição, dentre eles, ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’ - um documentário sergipano com 71 minutos de duração, que narra, de forma poética, a história de um rio e de um povo. Duas histórias que se fundem, sendo ambas fundamentais para entendermos a própria história de Sergipe.

O rio São Francisco, chamado pelos povos indígenas de Opará (Rio-Mar), é uma entidade tão viva e tão presente na vida dos ribeirinhos que eles também o chamam de Velho Chico, como se estivessem se referindo a uma pessoa, um parente, um ancião.

A produtora executiva de ‘Velho Chico, a alma do povo Xokó’, Cacilda de Jesus, ressalta que o filme conta a história de um, entre vários outros grupos humanos, que vive às margens do rio São Francisco. “Contamos a história do povo Xokó, que tem uma ligação umbilical com o São Francisco. Tratamos das suas lutas e conquistas, da retomada de suas terras, da cultura da cerâmica e dos rituais indígenas, como o Ouricuri (espaço sagrado) e o Toré (dança circular indígena). É um filme que fala do Brasil e deve ser visto por todos os brasileiros, independentemente de diferenças econômicas, sociais ou culturais. Sua temática é adequada para estudantes, portanto, interessa também aos professores; sua linguagem é construída para ser compreendida por pessoas de todas as faixas etárias e de diferentes classes sociais”, explica.

“A memória coletiva desse povo e seus saberes tradicionais, bem como a relação dos Xokó com o rio e com o meio ambiente, são conhecimentos transmitidos tradicionalmente pela oralidade, de geração a geração, mas também encontram espaço de ressonância no ambiente escolar”, acrescenta a pesquisadora e produtora do documentário, Michele Amorim Becker.

'Velho Chico, a alma do povo Xokó’ é uma realização da WG Produções, com direção de Caco Souza, roteiro de Lelê Teles, produção executiva de Cacilda de Jesus, pesquisa e produção de Michele Amorim Becker. A obra obteve recursos da Agência Nacional de Cinema (Ancine), por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O documentário também conta com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) e da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), no que tange à divulgação da obra documental.

O 52º Festival de Cinema de Gramado ocorre entre os dias 9 e 17 de agosto. Já a Mostra Competitiva de Longas Documentais segue com exibição exclusiva pela grade linear do Canal Brasil, de 12 a 16 de agosto, no horário das 20h20.