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Domingo, 11 de Junho de 2023 às 04:45:00
Arrastapé do 18 encanta o público na segunda noite de festa
Fogo na Saia, Raí Saia Rodada, Alcymar Monteiro e Pablo foram as atrações neste que é o maior festejo junino de bairros de Sergipe

Entre bandeirolas coloridas, comidas típicas e muito forró, o Arrastapé do 18 recebeu milhares de pessoas na segunda noite de evento, no bairro 18 do Forte, em Aracaju, neste sábado, 10. Uma das maiores festas populares e o maior festejo junino de bairros em Sergipe reuniu as bandas Fogo na Saia, Raí – Saia Rodada e os cantores Pablo e Alcymar Monteiro. O evento foi criado em 2008 e é uma realização do Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), com apoio do Governo Federal e Ministério do Turismo.

A banda sergipana ‘Fogo na Saia’, formada pelo casal Nanda e Xande se apresentou pela 10ª vez no Arrastapé do 18 e abriu a noite enaltecendo o trabalho do governador Fábio Mitidieri. “Nosso governador entendeu que a festa junina, tradição do povo sergipano, não é despesa, mas, sim, investimento, principalmente no artista sergipano, que este ano predomina a programação. E a gente fica muito feliz, porque aqui pagamos nossos impostos. Aqui geramos emprego e gastamos nosso dinheiro. Ou seja, contribuímos com a economia”, observou Xande.

Raí Saia Rodada, segundo artista a subir no palco do Arrastapé do 18, destacou que em menos de uma semana está em Aracaju pela segunda vez. Ele havia se apresentado no Arraiá do Povo, na Orla da Atalaia, no dia 4. “É bom demais estar aqui e trazer nosso forró e alegria. O show terá novos e antigos sucessos e já convido todo mundo para aproveitar esse arrastapé”, disse o artista, antes do show. Raí adiantou que vai gravar um novo DVD no próximo mês, em Goiânia.

Terceiro a se apresentar no 18, já na madrugada do domingo, Alcymar Monteiro, com seu tradicional traje branco, cantou e encantou. Durante a entrevista recitou um trecho de uma música que ele fez em homenagem a Sergipe - coração sergipano - “Meu coração é sergipano, minha gente, eu não me engano, Sergipe, meu guerreiro bonito, Aracaju, festa do sol, do céu da praia…”. Em seguida declarou o seu amor por essa terra. “Essa música para mim é a sintetização desse pedaço de chão, aqui no recanto do Nordeste, chamado Sergipe, que eu amo demais esse povo e essa gente. Quando a gente faz uma música alusiva a um povo e a um lugar, é porque você ama, porque você não canta aquilo que você não gosta. Sergipe mora definitivamente no meu coração”.

O rei da sofrência, o cantor Pablo, o último a se apresentar, foi recebido por milhares de pessoas que se aglomeravam para ver o artista. Pablo devolveu o carinho disse que se sentia em casa, afinal tem pai e avós sergipanos, da cidade de Lagarto. “Estou muito feliz de estar mais uma vez em Sergipe, que sempre foi um Estado que me abraçou com muito carinho. Tenho família aqui e me sinto em casa”.

Ele ressaltou a valorização do artista local na elaboração da programação do Governo do Estado. “O espaço musical está numa crescente, o artista local hoje tem seu espaço e eu estou aqui representando o artista sergipano e me sinto um privilegiado".
 
Público
O público que compareceu aprovou a programação. Foram oito artistas em apenas dois dias. A estudante Luana Nunes saiu da cidade de Nossa Senhora do Socorro para participar pela primeira vez do Arrastapé do 18. “Meu pai me trouxe para assistir Pablo e vamos amanhecer o dia. Aproveitar que tem segurança, acesso fácil e amigos para curtir”.

A atendente Claudia Santos mora pertinho do evento e não perdeu nenhum dia de festa. “Ontem vim por Solange. Hoje, por Pablo, e estou preparada para dançar até o raiar do sol”. No primeiro dia, Claudia saiu às 5h20 da manhã e às 6h foi trabalhar. “Meu lema é agora ou nunca para se viver. Então, aproveito o hoje”, contou, sorrindo. 

Macineide Alves residiu por mais de 40 anos em uma das principais ruas do evento, que dá acesso ao palco, a Cabo Jordino. “Eu fui morar em Alagoas e meus pais continuam aqui. Nesse período volto porque não posso faltar a essa festa, que deixa a comunidade muito orgulhosa”. 

Ela ainda relata que à população local se une para que tudo dê certo. “O pessoal que vem montar estrutura, decoração, abrimos nossa casa para ajudar no que for necessário. Graças a Deus sempre deu tudo certo e abrimos nosso lar-camarote para os parentes que vem nesses dois dias aproveitar”. A expectativa de Macineide era o show de Alcymar Monteiro.

Economia aquecida
Enquanto elemento cultural, as festas juninas ao longo dos anos passaram por ressignificações, na forma de vestir, de dançar, nas apresentações das quadrilhas, e esses elementos próprios da festa faz com que as comemorações ganhem um caráter econômico e um potencial de serem exploradas pelos bairros e municípios, impactando na movimentação econômica.

O São João é tido como uma festa popular que atrai turismo e fomenta a economia. Além disso, os festejos reforçam o pertencimento dos moradores da cidade, e que também faz parte das dinâmicas culturais do estado.

Isso é percebido na atuação da vendedora Vanessa Conceição Oliveira, uma das comerciantes que trabalha no Arrastapé do 18. Ela utilizou a frente de sua casa para fazer uma renda extra. “Durante o dia vendemos frutas e nesses dois dias, à noite, comidas, milho, pizza, churrasco”. 

A preparação que faz para receber os forrozeiros iniciou há dois meses. “Fui comprando o material para fazer as comidas, para ter produtos suficiente, e assim não deixar faltar nada, porque a procura é muito alta nesses dois dias. Só na primeira noite vendi cem pizzas, cem milhos e cem churrasquinhos. Em dois dias ganhei o que faço em um mês vendendo frutas todos os dias”, afirmou. Para não deixar o cliente esperando, três pessoas ajudam Vanessa, que participa do evento há três anos.

Ao relacionar o apoio do Estado para manutenção de expressões culturais e de respaldo financeiro para comerciantes, o comerciante Luciano Batista participa da festa há quatro anos, sempre vendendo bebidas diversas. A renda completa o orçamento familiar. “Junho é o melhor mês para gente fazer um dinheirinho a mais, estou no bairro 18 do Forte e a partir do dia 16 estou no Arraiá do Povo”. Para dar conta da demanda, Luciano contratou mais uma pessoa. “Entre cerveja, água e refrigerante, na primeira noite vendi umas 300 unidades, foi muito bom. A festa está aprovada”, assegurou.