Localizado no sul de Sergipe, a aproximadamente 118 quilômetros da capital, Aracaju, o município de Itabaianinha é conhecido como a ‘Capital da Moda de Sergipe’. Recebe esse título devido à forte tradição na produção têxtil, cujo polo conta com mais de 70 fábricas de confecções com as respectivas lojas de vestuário, cama, mesa e banho. Esse status é responsável por promover o turismo de compras, pois atrai muitos visitantes, entre consumidores e microempreendedores, que vão em busca de confecções com preços mais acessíveis.

Ressalte-se a grande variedade de artigos no Polo da Moda: desde moda fitness, íntima, jeans, infantil, feminina e masculina, até artigos de cama, mesa e banho, que, inclusive, são vendidos em todo o Brasil e também no exterior. Diante disso, segundo o secretário da Indústria, Comércio e Turismo de Itabaianinha, Jairo Floriano, o Polo da Moda impacta positivamente na economia da cidade, pois cria mais de quatro mil empregos diretos, além de indiretos, gerando renda e contribuindo para o desenvolvimento da região e do estado.

Além disso, o secretário municipal explica que a movimentação da economia em virtude do Polo da Moda permite que o dinheiro circule dentro da própria cidade e projete Sergipe como referência na produção têxtil. “Tudo isso faz com que a confecção seja um grande potencial do município. A confecção mudou a cara de Itabaianinha. Então, o título de ‘Capital da Moda’ é muito válido e importante, pois representa nosso empreendedorismo e nossa força de trabalho”, destaca.

Jairo Floriano comenta que o desafio é criar e desenvolver moda, gerando tendência em todo Brasil e até no mundo. Assim, com o objetivo de divulgar as novas coleções das marcas do Polo da Moda de Itabaianinha e promover, também, a cultura e o turismo da cidade, acontece o Moda Mix. O evento, que é realizado desde 2018, reúne expositores, compradores, estilistas e artistas locais, o que também impulsiona a cadeia turística local. A edição deste ano aconteceu entre os dias 31 de agosto e 3 de setembro.

Segundo o secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, o turismo de compras em Sergipe ainda é uma atividade em tendência de crescimento e tem o município de Itabaianinha como a maior referência. Por isso, na opinião dele, eventos como o Moda Mix contribuem para estimular esse tipo de turismo. “Essa exposição tem se firmado ano a ano com a participação cada vez maior de empreendedores e consumidores. Ao se consolidar como um evento de sucesso, que atrai potenciais compradores e empresários para Itabaianinha, o Moda Mix leva o nome de Sergipe para além dos limites estaduais”, ressalta.

Empreendendo e ‘turistando’

Moradora de Aracaju, Selma Andrade resolveu empreender na moda fitness há um ano. Tomou tal decisão após ter ficado desempregada e, também, por incentivo do namorado e de algumas amigas da academia. Então, informou-se melhor sobre onde eram vendidas malhas para prática de exercícios no estado, e foi assim que descobriu o Polo da Moda de Itabaianinha, o qual visita a cada dois meses, a fim de trazer novidades e de abastecer ainda mais o estoque. Hoje, assegura, está bem satisfeita com a decisão tomada.

Selma começou a vender como sacoleira, fazendo a exposição de peças uma vez a cada 15 dias na academia. Depois, resolveu comercializar os produtos em um ponto fixo. “Há nove meses, revendo as roupas em um quiosque numa galeria. Ressalto que o Polo da Moda é bom para quem compra em grande quantidade para revender, assim como para pessoa física. Recomendo, porque são produtos de qualidade. E lá não tem só moda fitness. Tem moda masculina, infantil, entre outras”, afirma.

A servidora pública Maria de Lourdes Moreira, também residente em Aracaju, comenta que sempre gostou de moda fitness. Ao ficar sabendo sobre o Polo da Moda por meio de uma propaganda na televisão, animou-se em conhecê-lo. Então, colocou o “pé na estrada” com um grupo de amigas. “Já fui duas vezes, e foi uma experiência maravilhosa”, afirma.

Segundo Lourdes Moreira, o Polo da Moda reúne uma série de requisitos positivos, como o bom preço, a qualidade dos produtos, o atendimento acolhedor nas lojas e, principalmente, por ser tranquilo e seguro. “É um espaço de compras muito bom. Pelo menos três vezes por ano eu vou. E já estou planejando com minhas amigas retornarmos em novembro para as compras de final de ano, porque lá vale a pena”, destaca.

Como surgiu o Polo da Moda

Exemplo de empreendedorismo, o Polo da Moda de Itabaianinha começou na década de 1980, quando alguns moradores passaram a confeccionar roupas em casa para complementar a renda. Com o tempo, o negócio se expandiu, atraindo novos investidores e trabalhadores. Jairo Lima de Carvalho, por sua vez, é nome de destaque. Filho da terra, teve grande relevância no desenvolvimento do polo têxtil itabaianinhense.

Visionário, após trabalhar no ramo de confecções no Brás, bairro de São Paulo, o comerciante resolveu retornar à cidade natal e realizar um grande sonho: investir na primeira indústria de confecções de Itabaianinha. Era 1996 quando surgiu a Grippon, que se transformou numa marca nacional com mais de 30 anos de história no mercado varejista da moda. Hoje, a empresa não funciona mais.

Mara Vítor, primeira funcionária contratada pela Grippon, e outros trabalhadores foram capacitados para atuar na empresa. Emocionada, ela conta que foram anos de dedicação até o dia em que Seu Jairo, numa atitude ousada e, sobretudo, humana, os estimulou a criarem as próprias indústrias de confecção. Como incentivo, deu a garantia de que a produção das novas fábricas seria adquirida pela empresa dele, podendo, também, ser comercializada para outros compradores. Isso permitiria aumentar os rendimentos.

As primeiras oficinas ficaram conhecidas como ‘fações’ e tiveram êxito. Com a consolidação das atividades e com o sentimento de missão cumprida, Seu Jairo decidiu fechar a Grippon. “Ele sugeriu aos microempresários da região que, então, ocupassem o antigo espaço da fábrica, cedido para a instalação das pequenas confecções. Foi nesse momento que surgiu o Polo da Moda de Itabaianinha”, esclarece Mara Vitor.

Atualmente, a comerciante faz parte da Associação dos Confeccionistas de Itabaianinha (Acise), que também funciona no Polo da Moda. Saudosa, ela se recorda de vários momentos da época em que trabalhava na Grippon e confessa ser gratificante integrar a associação. Com mais de 60 pessoas, a entidade promove capacitações voltadas a jovens e adultos. “As fábricas geram emprego, renda e oportunidades para os moradores da região. Além disso, é muito bom também contar com o apoio do Sebrae/SE, do Governo do Estado e também da Prefeitura”, destaca.

Robustez da economia criativa

Paulista de nascimento, a empresária Gislene Alves de Jesus tem uma história antiga com Itabaianinha, onde mora há 27 anos. Ela foi para a cidade a convite de Seu Jairo Carvalho, a fim de treinar mil operários para atuarem na antiga fábrica Grippon. “Vim capacitar pessoas na costura e modelagem, e meu esposo veio fazer a manutenção do maquinário. Sem dúvida, esse foi o meu maior desafio. Imagine treinar pessoas sem noção alguma de confecção, muitas delas trabalhadoras do campo, que sequer sabiam alinhavar uma agulha. Elas tiveram a oportunidade de aprender corte e costura, e se tornaram excelentes profissionais”, rememora.

Com o encerramento das atividades da Grippon, surgiu a oportunidade para ela e para outros colegas de abrirem os próprios negócios. Assim, há 19 anos, a empresária lançou uma marca de moda íntima e praia com peças que oferecem qualidade, conforto e sensualidade. “Foi a realização de um sonho. Sempre trabalhei com isso. Inclusive, as minhas peças são criadas por mim: lingeries, camisolas e moda praia. Eu desenho, escolho o tecido, a cor e lanço tendência. Contamos, hoje, com 38 funcionários. Para mim, é recompensador também gerar emprego nessa cidade que tão bem me acolheu”, frisa.

Genuinamente itabaianinhense e presente no mercado da moda fitness há 18 anos, a loja em que a gerente Débora Costa trabalha é consolidada no mercado de todo o país. “A nossa intenção é passar a fornecer para o mercado exterior. Temos variedade em nossas peças, que prezam pela qualidade e conforto”, avalia Débora.

Uma loja que vende roupas jeans, também presente no Polo da Moda, atua nos setores de modelagem, produção e acabamento. Na fábrica, são confeccionadas calças e bermudas masculinas e femininas, além de saias e vestidos. De acordo com a vendedora Andreza Santos, em média, são produzidas 15 mil peças por mês, com distribuição em vendas para todo o país. “No mundo do jeans, as tendências também ditam a moda. Por isso, sempre lançamos novidades, como detalhes nas peças ou mesmo lavagens diferentes”, salienta.