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Quarta-Feira, 20 de Setembro de 2023 às 10:15:00
Artesanato, cultura e história convergem no Centro de Turismo em Aracaju
Visitantes e turistas têm esse espaço, localizado no Centro da cidade, como referência para conhecer mais sobre os atrativos turísticos de Sergipe

Quem vai à região central de Aracaju precisa conhecer o Centro de Turismo localizado entre a Praça Olímpio Campos e o calçadão da Rua Laranjeiras. O espaço abriga 29 boxes com lojistas de artesanato, um centro de informações turísticas e o Memorial do Artista Sergipano. Ali, está exposto o diversificado artesanato de mais de 30 artistas, dentre eles, Dona Judite, cuja produção é de santos em argila, e Zeus, escultor em madeira. Administrado pela Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur), vinculada à Secretaria de Estado do Turismo (Setur), o Centro de Turismo fomenta o setor e também contribui para movimentar a economia, ao mesmo tempo em que resguarda cultura e história.

O presidente da Emsetur, Júlio César Barbosa, destaca a importância do Centro de Turismo. Para ele, é mais um espaço onde os turistas identificam a cultura de Sergipe. “Trata-se de um local onde é celebrada a cultura sergipana, não somente pela memória contida nas obras que estão no memorial, mas, também, pelos artigos vendidos pelos artesãos, que fazem referência à sergipanidade”, considera. Além disso, Júlio Barbosa ressalta a relevância arquitetônica e histórica do prédio, cuja fachada é tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado. 

Nesse sentido, o secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, também enaltece o Centro de Turismo como um local histórico e turístico de Aracaju, especialmente por ser uma edificação do início do século XX. “O Centro de Turismo é um espaço de referência e atrativo para os turistas que estão conhecendo a nossa cidade e as tradições dela. É um local onde encontram todo tipo de artesanato produzido em nosso estado, a exemplo da renda irlandesa e de tantos outros objetos que representam a nossa arte”, avalia. E complementa: “O artesanato é uma importante manifestação da cultura e agrega valor aos atrativos turísticos de Sergipe”.

Inaugurado em 15 de agosto de 1911, o prédio onde hoje funciona o Centro de Turismo conserva traços da arquitetura neoclássica e já sediou algumas instituições públicas, a exemplo da antiga Escola Normal (1910-1911) e da Faculdade de Odontologia, em 1966. Dez anos depois, a edificação foi passada à responsabilidade do Governo do Estado, já que, até então, era de domínio do Governo Federal. Em 1978, passou por uma restauração com a reforma das salas de aula para adequação dos boxes, sendo, então, transformado em Centro de Turismo e de Comercialização Artesanal. Em 6 de janeiro de 1984, o prédio foi tombado como Patrimônio Histórico do Estado. 

Em 2018, o Governo de Sergipe, por meio da Setur, empreendeu um projeto de revitalização, integrado à política de fomento ao turismo na região central de Aracaju. A obra teve recursos da ordem de R$ 1,345 milhão, originários do Programa Nacional de Desenvolvimento e Estruturação do Turismo (Prodetur). Foram preservados os elementos neoclássicos da arquitetura e da estrutura do prédio, dentre eles, a questão da acessibilidade (rampas e piso táctil), fazendo com que, naquela época, o Centro de Turismo passasse a ser um dos únicos prédios do Estado com 100% de acessibilidade. 

Economia criativa 

Uma das comerciantes mais antigas, a Maria Gilsa Moura de Aragão atua no Centro de Turismo desde 1977. Com apenas 14 anos, a artesã já acompanhava a mãe, que vendia artigos artesanais no boxe que Gilsa assumiu há mais de 40 anos. Ela ressalta, aliás, que se sente muito feliz em dar continuidade ao negócio iniciado pela mãe. “Acho significante contribuir para o artesanato sergipano, que tem um diferencial: é feito minuciosamente à mão e com amor”, enfatiza. Gilsa faz bordados em rendendê, ponto de cruz e crochê. Além disso, ela salienta, há uma variedade de produtos feitos, também, por outros artesãos, como paninhos de bandejas, lençóis, blusas e toalhas de banquete de até 3,5 metros. 

Há cinco anos, o advogado e também artesão Ricardo Menezes tem um boxe no Centro de Turismo. Ali, ele também expõe o trabalho de outros artesãos sergipanos, a exemplo de bordados, cerâmicas, pinturas, trabalhos em couro, madeira, tudo o que é relacionado à arte popular sergipana. Revela, inclusive, que o espaço tem um significado especial na vida dele, pois, na adolescência, sempre o frequentava. “Lembro-me bem do ano de 1979, quando era comum, após sair da escola – na época, o Colégio Atheneu –, ir para lá, um ponto de encontro da turma, e também para apreciar o nosso artesanato, algo que sempre me encantou. Hoje, após 40 anos, retornar a este ambiente como empreendedor me emociona, pois arte e cultura são vida. Acredito que, sem isso, somos seres sem sentimento e emoção. Sou muito feliz aqui”, afirmou.

Deslumbramento 

A professora aposentada Maria Teresa Mazali, que reside em São Paulo, estava em visita a Sergipe pela primeira vez. Ao conhecer o Centro de Turismo, ficou encantada e fez questão de ir a vários boxes, onde conversou com os comerciantes, parabenizando-os pela arte produzida. “Estou achando lindo o artesanato sergipano. É encantador a delicadeza das peças e o capricho como são produzidas. Com certeza, volto para casa com alguns produtos que sei que só tem aqui”, assegurou.

A também paulista Verônica Alencar já conhecia Sergipe, mas ainda não havia visitado o Centro de Turismo. Como a conterrânea, também ficou deslumbrada com a variedade de peças expostas. No entanto, segundo a turista, a que mais chamou a atenção dela foi a obra do artista Beto Pezão, cujos pés maiores que o restante do corpo, que dão mais estabilidade às peças, são a marca registrada do trabalho dele. “Passeando por aqui, só vi coisas bonitas, artesanatos belíssimos e com preços muito justos. Além disso, o local é bem tranquilo e rodeado por pessoas muito acolhedoras. Isso, no meu entendimento, tem a ver com duas coisas: políticas públicas de turismo e de segurança pública. Vocês estão de parabéns, povo de Sergipe”, elogiou.