Dando continuidade ao mapeamento da disseminação do novo coronavirus entre as comunidades quilombolas de Sergipe, nesta terça, 24, foi a vez da comunidade tradicional da Mussuca, localizada no município de Laranjeiras, receber equipes do Governo de Sergipe e da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A ação conta com o apoio da Secretaria de Estado da Inclusão Social, da Secretaria de Estado da Saúde e da Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe (Codise). Foram ofertadas a realização de 100 exames de antígeno Sars-CoV-2, 100 de anticorpos IgG e IcM, além de aferição de pressão e glicemia. Também foram distribuídos 100 kits de alimentos montados pelo Governo por meio de doações do Grupo Maratá. 

Para a vice-governadora Eliane Aquino, uma das principais articuladoras dessa ação integrada, é necessário que a proteção social, que tem como tripé Saúde, Educação e Assistência Social, seja ofertada de fato à população que mais precisa, sobretudo em um momento de pandemia. “Nós precisamos colocar os pés nas comunidades para saber das necessidades, e é por isso também que estamos aqui. Para além desta união de esforços pela saúde da população quilombola de Sergipe, precisamos entender quais as outras carências do povo dessas comunidades”, explicou a vice-governadora, que esteve presente na ação. 

O coordenador da Força Tarefa Covid 19 da UFS, professor Lysandro Borges, explica que a ação foi motivada com o intuito de mapear o comportamento da propagação do vírus entre as comunidades quilombolas traçando, de acordo com os resultados, estratégias e políticas públicas que possam enfrentar a disseminação da doença. “Nós temos percebido através da testagem que poucas pessoas estão com o vírus em sua forma aguda no organismo e muito mais já desenvolveram anticorpos da COVID-19. O perfil das testagens está muito semelhante ao estado como um todo, que também tem caído no número de casos”.

Segundo o estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, a maior parte da população atingida pela COVID-19 é preta. Isso acontece porque os negros são maioria entre as pessoas que não puderam ficar em casa mantendo o isolamento social. De acordo com a secretária municipal de políticas promoção da igualdade racial Sandra Sena, o município de Laranjeiras tem 80% da população negra e que ações como a desta terça são importantíssimas. “Quando nós soubemos que a força tarefa passaria pela Mussuca pensamos o quanto é bom ter um governo que olha pela população, que não os deixa sozinhos em nenhum momento, principalmente em uma situação como essa que vivemos. O sentimento é de gratidão por toda essa equipe”. 

Para o professor de português Neilton Santana, membro da comunidade da Mussuca e responsável pelo grupo folclórico de São Gonçalo da comunidade, a união de esforços entre a Universidade Federal de Sergipe e o Governo do Estado, com o apoio do grupo Maratá, é bastante eficaz. “Nesse momento de crise que estamos vivendo, uma atitude como essa é primordial por duas questões: a primeira são os testes propriamente ditos e a segunda é a conscientização da população, que recebem orientações sobre o uso de máscara e distanciamento social, tão necessários para o combate à essa doença”. 

Outras comunidades quilombolas, de acordo com um cronograma definido pela UFS, passarão pelo mesmo processo. Os empresários que quiserem contribuir podem entrar em contato por meio do site da campanha Solidarize-SE  https://www.inclusao.se.gov.br/solidarize-se/