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Terça-Feira, 18 de Novembro de 2014 às 15:13:00
Alunos do Colégio Atheneu apresentam espetáculo no Teatro Tobias Barreto
O espetáculo "Águas: A Essência e o Equilíbrio de uma Fé", foi apresentado na noite da última segunda-feira, 17, no Teatro Tobias Barreto

"A água tem um papel central em diversas religiões e crenças de todo o mundo. Como fonte de vida, representa o nascimento. A água lava o corpo e, consequentemente, purifica-o, e estas duas qualidades conferem-lhe um grande simbolismo. Ela é, portanto, um elemento-chave em cerimônias e rituais religiosos". Este trecho explica o tema desenvolvido pelos alunos do Colégio Estadual Atheneu Sergipense na montagem do espetáculo de dança "Águas: A Essência e o Equilíbrio de uma Fé", apresentado na noite da última segunda-feira, 17, no Teatro Tobias Barreto.

O evento, que acontece pelo oitavo ano, lotou o teatro e foi a culminância do projeto "Um Quê de Negritude", que prima pelo resgate dos valores da cultura afro-brasileira naquela escola. A montagem contou com a participação de cerca de 70 bailarinos entre professores, alunos e ex-alunos no Atheneu. Eles estiveram envolvidos não apenas nas apresentações de dança e música, mas também nos bastidores do evento.

De acordo com a organizadora, professora Clélia Ramos, o tema deste ano foi escolhido durante uma viagem a Salvador. "Após o espetáculo do ano passado, levamos os alunos a Salvador, berço da cultura afro-brasileira, e lá encontramos diversas formas de trabalhar e mostrar essa cultura no palco. Desde então, essa temática vem sendo trabalhada com os alunos e o espetáculo foi ganhando forma", disse.

A professora explicou que no contexto religioso a água é um símbolo universal. "Diversas religiões utilizam a água em seus rituais. No cristianismo, ela está ligada ao batismo. No espiritismo, a água ingerida ajuda no equilíbrio do corpo físico e espiritual. As religiões de matrizes africanas veneram as águas como manifestação maternal do amor divino. Em outras religiões, ela é também um símbolo importante e tem seu significado. Mas, como nosso foco é a cultura afro, trouxemos a essência e a importância da água na religião afro", explica Clélia.

Espetáculo

A montagem teve início com a música "Planeta Água", de Guilherme Arante, e terminou com a representação da lavagem das escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bomfim. Ao longo do espetáculo, foram personificados diversos orixás e entidades representativas das religiões africanas como Oxóssi, Ogum, Iansã, Oxalá, Oxum, Iemanjá, dentre outros.

Em um dos blocos, foi encenado o navio negreiro, que transportava os escravos de forma desumana aos locais onde seriam comercializados. Em outro momento, foi apresentado o encontro das águas, o rio que desemboca no mar. Em cada ato, luzes, elementos cenográficos, coreografias e figurinos transformavam a montagem em algo de encher os olhos.

Ansiedade

Ariel Alfeu, 2º ano do Atheneu, tocou violão no primeiro ato. Segundo ele, os ensaios foram intensos e aconteciam ao final das aulas do período integral. Para ele, o projeto ajuda a esclarecer o tema. "Um Quê de Negritude divulga a cultura afro-brasileira, que sofre muito preconceito. Então esse projeto ajuda a acabar com a discriminação. Esse é um dos motivos que me fazem participar dele", afirmou.

Camile Santos, aluna do 2º ano, representou a água doce no espetáculo através de Oxum. "Neste ano resolvemos apresentar um tema ainda mais rico e criativo. Este é um projeto que me apresentou à cultura afro, pois eu não conhecia quase nada. Estou nervosa em subir ao palco, mas muito satisfeita em poder apresentar um lindo espetáculo, fruto do trabalho de um ano inteiro", declarou.

Já Cris Lany, também estudante do 2º ano, entrou no projeto por afinidade com a dança. "Comecei a participar por gostar muito de dança e também por me interessar por arte de uma maneira geral. Mas me apaixonei pela cultura afro e hoje não quero mais sair", disse a aluna, que representou a cabocla Jurema.

Expectativa

Entre os amigos e familiares que acompanhavam na platéia, o clima era de expectativa. Raimunda Maria foi prestigiar o trabalho do filho, o aluno Breno Oliveira, que atuou nos bastidores do evento pela primeira vez. "O pessoal está eufórico, muito entusiasmado, e tenho certeza de que vai ser um sucesso. Meu filho trabalhou na organização do evento, e está radiante não só com a apresentação, mas com a viagem que eles farão agora em dezembro já pensando no próximo tema", disse a mãe, que destacou o aprendizado e a busca pelo conhecimento como os principais objetivos do projeto.

A autônoma Jaíra Marcelo, praticante da Umbanda, faz questão de prestigiar todos os anos o espetáculo. "Quando estava montando o projeto, a professora Clélia me pediu um auxílio. Desde então, venho assistir às apresentações e fico maravilhada. É muito bom ver o adolescente conhecer a verdade, desvendar outros caminhos, e saber que a religiosidade é a coisa mais pura e que um homem sem uma base religiosa não é nada. E quanto à Água, acho um tema perfeito, uma vez que ela é hoje motivo de preocupação no Brasil e no mundo", ressalta.

O diretor do Colégio Atheneu, Genaldo Freitas, também reconheceu e elogiou o trabalho da professora Clélia e lembrou que o projeto atende à Lei 10.639/03, promulgada pelo governo federal, e à Lei 5.497/04, do Governo do Estado de Sergipe, que instituem a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas salas de aula. "O Atheneu assumiu essa responsabilidade para si e tem feito esse trabalho com muita qualidade. Os alunos passam o ano inteiro trabalhando essas temáticas", disse.

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Alunos do Colégio Atheneu apresentam espetáculo no Teatro Tobias Barreto
O espetáculo "Águas: A Essência e o Equilíbrio de uma Fé", foi apresentado na noite da última segunda-feira, 17, no Teatro Tobias Barreto
Terça-Feira, 18 de Novembro de 2014 às 15:13:00

"A água tem um papel central em diversas religiões e crenças de todo o mundo. Como fonte de vida, representa o nascimento. A água lava o corpo e, consequentemente, purifica-o, e estas duas qualidades conferem-lhe um grande simbolismo. Ela é, portanto, um elemento-chave em cerimônias e rituais religiosos". Este trecho explica o tema desenvolvido pelos alunos do Colégio Estadual Atheneu Sergipense na montagem do espetáculo de dança "Águas: A Essência e o Equilíbrio de uma Fé", apresentado na noite da última segunda-feira, 17, no Teatro Tobias Barreto.

O evento, que acontece pelo oitavo ano, lotou o teatro e foi a culminância do projeto "Um Quê de Negritude", que prima pelo resgate dos valores da cultura afro-brasileira naquela escola. A montagem contou com a participação de cerca de 70 bailarinos entre professores, alunos e ex-alunos no Atheneu. Eles estiveram envolvidos não apenas nas apresentações de dança e música, mas também nos bastidores do evento.

De acordo com a organizadora, professora Clélia Ramos, o tema deste ano foi escolhido durante uma viagem a Salvador. "Após o espetáculo do ano passado, levamos os alunos a Salvador, berço da cultura afro-brasileira, e lá encontramos diversas formas de trabalhar e mostrar essa cultura no palco. Desde então, essa temática vem sendo trabalhada com os alunos e o espetáculo foi ganhando forma", disse.

A professora explicou que no contexto religioso a água é um símbolo universal. "Diversas religiões utilizam a água em seus rituais. No cristianismo, ela está ligada ao batismo. No espiritismo, a água ingerida ajuda no equilíbrio do corpo físico e espiritual. As religiões de matrizes africanas veneram as águas como manifestação maternal do amor divino. Em outras religiões, ela é também um símbolo importante e tem seu significado. Mas, como nosso foco é a cultura afro, trouxemos a essência e a importância da água na religião afro", explica Clélia.

Espetáculo

A montagem teve início com a música "Planeta Água", de Guilherme Arante, e terminou com a representação da lavagem das escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bomfim. Ao longo do espetáculo, foram personificados diversos orixás e entidades representativas das religiões africanas como Oxóssi, Ogum, Iansã, Oxalá, Oxum, Iemanjá, dentre outros.

Em um dos blocos, foi encenado o navio negreiro, que transportava os escravos de forma desumana aos locais onde seriam comercializados. Em outro momento, foi apresentado o encontro das águas, o rio que desemboca no mar. Em cada ato, luzes, elementos cenográficos, coreografias e figurinos transformavam a montagem em algo de encher os olhos.

Ansiedade

Ariel Alfeu, 2º ano do Atheneu, tocou violão no primeiro ato. Segundo ele, os ensaios foram intensos e aconteciam ao final das aulas do período integral. Para ele, o projeto ajuda a esclarecer o tema. "Um Quê de Negritude divulga a cultura afro-brasileira, que sofre muito preconceito. Então esse projeto ajuda a acabar com a discriminação. Esse é um dos motivos que me fazem participar dele", afirmou.

Camile Santos, aluna do 2º ano, representou a água doce no espetáculo através de Oxum. "Neste ano resolvemos apresentar um tema ainda mais rico e criativo. Este é um projeto que me apresentou à cultura afro, pois eu não conhecia quase nada. Estou nervosa em subir ao palco, mas muito satisfeita em poder apresentar um lindo espetáculo, fruto do trabalho de um ano inteiro", declarou.

Já Cris Lany, também estudante do 2º ano, entrou no projeto por afinidade com a dança. "Comecei a participar por gostar muito de dança e também por me interessar por arte de uma maneira geral. Mas me apaixonei pela cultura afro e hoje não quero mais sair", disse a aluna, que representou a cabocla Jurema.

Expectativa

Entre os amigos e familiares que acompanhavam na platéia, o clima era de expectativa. Raimunda Maria foi prestigiar o trabalho do filho, o aluno Breno Oliveira, que atuou nos bastidores do evento pela primeira vez. "O pessoal está eufórico, muito entusiasmado, e tenho certeza de que vai ser um sucesso. Meu filho trabalhou na organização do evento, e está radiante não só com a apresentação, mas com a viagem que eles farão agora em dezembro já pensando no próximo tema", disse a mãe, que destacou o aprendizado e a busca pelo conhecimento como os principais objetivos do projeto.

A autônoma Jaíra Marcelo, praticante da Umbanda, faz questão de prestigiar todos os anos o espetáculo. "Quando estava montando o projeto, a professora Clélia me pediu um auxílio. Desde então, venho assistir às apresentações e fico maravilhada. É muito bom ver o adolescente conhecer a verdade, desvendar outros caminhos, e saber que a religiosidade é a coisa mais pura e que um homem sem uma base religiosa não é nada. E quanto à Água, acho um tema perfeito, uma vez que ela é hoje motivo de preocupação no Brasil e no mundo", ressalta.

O diretor do Colégio Atheneu, Genaldo Freitas, também reconheceu e elogiou o trabalho da professora Clélia e lembrou que o projeto atende à Lei 10.639/03, promulgada pelo governo federal, e à Lei 5.497/04, do Governo do Estado de Sergipe, que instituem a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas salas de aula. "O Atheneu assumiu essa responsabilidade para si e tem feito esse trabalho com muita qualidade. Os alunos passam o ano inteiro trabalhando essas temáticas", disse.