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Quarta-Feira, 07 de Junho de 2023 às 15:45:00
Projeto incentiva a literatura afro-brasileira na educação básica do Colégio Estadual João Batista Nascimento
O clube promove discussões e a revalorização da literatura negro-brasileira com o objetivo de empoderar os estudantes, como também fomentar práticas antirracistas na educação básica, a partir de autores e autoras não-brancos

O Colégio Estadual João Batista Nascimento, localizado no município de Nossa Senhora do Socorro, que faz parte da Diretoria Regional de Educação 8, proporciona aos alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio regular a oportunidade de participar de um projeto inovador, que valoriza a literatura afro-brasileira e incentiva práticas de leitura e desenvolvimento crítico e literário. É o Clube de Leitura Escrevivências de Mulheres Negras, coordenado pela professora de Sociologia da unidade de ensino, Jaqueline Portela, e pela professora do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Alessandra Corrêa de Souza. O foco é incentivar a literatura afro-brasileira e fomentar a discussão e a apreciação de textos de escritores e escritoras negros que muitas vezes foram invisibilizados não só nas escolas, mas também na literatura brasileira em geral.

O projeto surgiu a partir da ideia das duas professoras em estabelecer raízes das pautas afrocentradas e antirracistas na educação básica, algo já trabalhado por Alessandra com seus alunos do curso de Letras Estrangeiras na UFS. A partir do edital da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), elas conseguiram recursos financeiros para oficializar o projeto nesse ambiente, mas não foi só isso. “O dinheiro de fomento era mínimo, e Jaqueline teve a brilhante ideia de criarmos uma rifa para contribuir com a alimentação dos estudantes. Como a fundação determina como devemos utilizar essa verba, fizemos uma nova rifa para suprir as necessidades do projeto”, afirmou a professora.

O clube de leitura acontece por meio de reuniões quinzenais e proporciona aos alunos um espaço acolhedor, no qual compartilham suas leituras e dialogam sobre as obras selecionadas. Nas rodas de conversa, os estudantes têm a oportunidade de expressar suas opiniões, debater ideias e aprofundar seus conhecimentos sobre a produção literária afro-brasileira.

A professora Jaqueline Portela, além de ressaltar a necessidade de discussão das questões raciais no chão da escola, explicou outro ponto interessante do projeto: a realização de encontros com escritores de Sergipe e também da Bahia, os quais proporcionam aos estudantes a oportunidade de conhecer de perto esses autores e autoras, ouvir suas histórias e experiências de vida.

“O clube de leitura desenvolve diversas atividades. Além de leitura e discussão de textos literários de autoria negra, organizamos encontros e bate-papo com autores negros (as) afro-sergipanos e afro-baianos, a exemplo da autora Daniela Bento e do autor Leno Sacramento. Desenvolvemos também estudos teóricos sobre a questão racial no Brasil, refletindo sobre os temas raciais, sociais e econômicos e o letramento racial”, exaltou Jaqueline.

A professora Alessandra reiterou a importância de projetos como o do clube de leitura, pois é essencial entender que a luta contra o racismo deve priorizar a descolonização de mentes, o alcance da equidade e o reconhecimento dos grupos que são historicamente marginalizados em diferentes esferas, como nos livros didáticos e nos três poderes. “É de suma relevância para a nossa sociedade civil, visto que vivemos em um país estritamente racista que nega praticar o racismo cotidiano e que não entende que o antirracismo é um exercício diário. Ações como as nossas problematizam grupos que exigem reparação histórica e que iniciamos pela educação”, relatou.

Escrevivência negra nas redes sociais
O Clube de Leitura Escrevivências de Mulheres Negras vai muito além de uma simples discussão em sala de aula. Os alunos também têm a tarefa de criar materiais de divulgação para as redes sociais, como resenhas, recomendações de leitura e análises críticas dos livros abordados. Essa participação ativa na divulgação da literatura afro-brasileira contribui para disseminar a importância dessas obras e autores e autoras, sobretudo alcançar um público mais amplo e promover a valorização da diversidade literária no país.

“Os alunos produzem conteúdo digital para o nosso Instagram, também textos poéticos e resenhas e participamos de encontros científicos. O clube tem um ano de existência e já temos mais de 5 livros lidos, além de sermos citados em diversas matérias nacionais, a exemplo do site Porvir e Educa Mais Brasil”, completou Jaqueline Portela.

Ela acrescentou que as escolas precisam se comprometer na implantação da Lei 10.639/2003, que versa sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana nas escolas. “O projeto tem como objetivo principal fomentar práticas de leituras e o desenvolvimento crítico e literário no contexto escolar a partir de textos que buscam desconstruir uma visão homogênea e mitificada na literatura ao oportunizar a leitura de escritores e escritoras até então invisibilizados pela literatura brasileira.  As atividades desenvolvidas com os alunos buscam contemplar, de forma lúdica, temáticas voltadas às questões raciais, à apresentação e estudo da produção literária de autoras negras e o letramento racial”, encerrou.

Basta acessar o link a seguir para conferir todo o trabalho realizado pelos alunos do Colégio Estadual João Batista Nascimento em sua luta diária pela visibilidade da escrevivência negra nas escolas.

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Projeto incentiva a literatura afro-brasileira na educação básica do Colégio Estadual João Batista Nascimento
O clube promove discussões e a revalorização da literatura negro-brasileira com o objetivo de empoderar os estudantes, como também fomentar práticas antirracistas na educação básica, a partir de autores e autoras não-brancos
Quarta-Feira, 07 de Junho de 2023 às 15:45:00

O Colégio Estadual João Batista Nascimento, localizado no município de Nossa Senhora do Socorro, que faz parte da Diretoria Regional de Educação 8, proporciona aos alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio regular a oportunidade de participar de um projeto inovador, que valoriza a literatura afro-brasileira e incentiva práticas de leitura e desenvolvimento crítico e literário. É o Clube de Leitura Escrevivências de Mulheres Negras, coordenado pela professora de Sociologia da unidade de ensino, Jaqueline Portela, e pela professora do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Alessandra Corrêa de Souza. O foco é incentivar a literatura afro-brasileira e fomentar a discussão e a apreciação de textos de escritores e escritoras negros que muitas vezes foram invisibilizados não só nas escolas, mas também na literatura brasileira em geral.

O projeto surgiu a partir da ideia das duas professoras em estabelecer raízes das pautas afrocentradas e antirracistas na educação básica, algo já trabalhado por Alessandra com seus alunos do curso de Letras Estrangeiras na UFS. A partir do edital da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), elas conseguiram recursos financeiros para oficializar o projeto nesse ambiente, mas não foi só isso. “O dinheiro de fomento era mínimo, e Jaqueline teve a brilhante ideia de criarmos uma rifa para contribuir com a alimentação dos estudantes. Como a fundação determina como devemos utilizar essa verba, fizemos uma nova rifa para suprir as necessidades do projeto”, afirmou a professora.

O clube de leitura acontece por meio de reuniões quinzenais e proporciona aos alunos um espaço acolhedor, no qual compartilham suas leituras e dialogam sobre as obras selecionadas. Nas rodas de conversa, os estudantes têm a oportunidade de expressar suas opiniões, debater ideias e aprofundar seus conhecimentos sobre a produção literária afro-brasileira.

A professora Jaqueline Portela, além de ressaltar a necessidade de discussão das questões raciais no chão da escola, explicou outro ponto interessante do projeto: a realização de encontros com escritores de Sergipe e também da Bahia, os quais proporcionam aos estudantes a oportunidade de conhecer de perto esses autores e autoras, ouvir suas histórias e experiências de vida.

“O clube de leitura desenvolve diversas atividades. Além de leitura e discussão de textos literários de autoria negra, organizamos encontros e bate-papo com autores negros (as) afro-sergipanos e afro-baianos, a exemplo da autora Daniela Bento e do autor Leno Sacramento. Desenvolvemos também estudos teóricos sobre a questão racial no Brasil, refletindo sobre os temas raciais, sociais e econômicos e o letramento racial”, exaltou Jaqueline.

A professora Alessandra reiterou a importância de projetos como o do clube de leitura, pois é essencial entender que a luta contra o racismo deve priorizar a descolonização de mentes, o alcance da equidade e o reconhecimento dos grupos que são historicamente marginalizados em diferentes esferas, como nos livros didáticos e nos três poderes. “É de suma relevância para a nossa sociedade civil, visto que vivemos em um país estritamente racista que nega praticar o racismo cotidiano e que não entende que o antirracismo é um exercício diário. Ações como as nossas problematizam grupos que exigem reparação histórica e que iniciamos pela educação”, relatou.

Escrevivência negra nas redes sociais
O Clube de Leitura Escrevivências de Mulheres Negras vai muito além de uma simples discussão em sala de aula. Os alunos também têm a tarefa de criar materiais de divulgação para as redes sociais, como resenhas, recomendações de leitura e análises críticas dos livros abordados. Essa participação ativa na divulgação da literatura afro-brasileira contribui para disseminar a importância dessas obras e autores e autoras, sobretudo alcançar um público mais amplo e promover a valorização da diversidade literária no país.

“Os alunos produzem conteúdo digital para o nosso Instagram, também textos poéticos e resenhas e participamos de encontros científicos. O clube tem um ano de existência e já temos mais de 5 livros lidos, além de sermos citados em diversas matérias nacionais, a exemplo do site Porvir e Educa Mais Brasil”, completou Jaqueline Portela.

Ela acrescentou que as escolas precisam se comprometer na implantação da Lei 10.639/2003, que versa sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana nas escolas. “O projeto tem como objetivo principal fomentar práticas de leituras e o desenvolvimento crítico e literário no contexto escolar a partir de textos que buscam desconstruir uma visão homogênea e mitificada na literatura ao oportunizar a leitura de escritores e escritoras até então invisibilizados pela literatura brasileira.  As atividades desenvolvidas com os alunos buscam contemplar, de forma lúdica, temáticas voltadas às questões raciais, à apresentação e estudo da produção literária de autoras negras e o letramento racial”, encerrou.

Basta acessar o link a seguir para conferir todo o trabalho realizado pelos alunos do Colégio Estadual João Batista Nascimento em sua luta diária pela visibilidade da escrevivência negra nas escolas.