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Quinta-Feira, 07 de Março de 2019 às 14:31:00
Governo promove ações que acolhem gestante adolescente
Por meio de parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, jovens recebem orientações sobre IST's e métodos contraceptivos nas escolas. Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, as gestantes adolescentes são acolhidas para atendimento médico e psicossocial

Por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Educação, Esporte e Cultura, jovens recebem orientações sobre IST’s/Aids e gravidez na adolescência. Além das palestras e formações de professores e profissionais da saúde, na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, a gestante adolescente recebe o atendimento e acompanhamento necessários para assumir essa nova fase da vida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fase da adolescência é compreendida entre os 10 e 20 anos, período em que ocorrem mudanças físicas e psicológicas. E entre as principais mudanças, o início da atividade sexual é um tema ainda pouco debatido dentro de casa. Nesse contexto, a escola tem colaborado para a disseminação dos temas que envolvem a sexualidade, dentre eles a gravidez na adolescência.

Através do PSE, os jovens participam de ações ligadas a diversos temas e, especificamente, sobre a gravidez na adolescência, a prioridade é acolher a gestante e auxiliá-la no processo de adaptação durante a gravidez e após o parto. “O programa envolve um conjunto de ações cuja proposta é contribuir para a formação integral dos estudantes, por meio da prevenção e atenção à saúde com o propósito de reduzir as vulnerabilidades que comprometem o desenvolvimento de crianças e adolescentes na trajetória escolar. Dessa forma, cria-se um entorno favorável para a igualdade de gênero, concorrendo para o empoderamento dos/as adolescentes a fazerem escolhas livres e capazes de determinar os seus projetos de vida, impactando significativamente na redução de gravidez não intencional de adolescentes escolares”, declarou a coordenadora do PSE, Marcia Furllan.

Instituído em 2007, o PSE acontece em todos os estados brasileiros e se trata de uma iniciativa conjunta entre o Ministério da Educação e Cultura e o Ministério da Saúde. De acordo com Márcia, os municípios firmam pacto a cada dois anos e, durante esse período, se comprometem em executar as ações que englobam o programa. Para auxiliar na execução das ações, os professores das escolas e os profissionais do município onde as ações serão desenvolvidas participam de formação realizada pela SES e Seduc.

“A capacitação envolve o professor de escolas estratégicas e o profissional de saúde da unidade básica daquela região. Um dos objetivos é integrar a unidade de saúde com a escola. No projeto, é feito um plano de ação em cada região. A partir daí, ele vai atuar na prática, estimulando o protagonismo entre os jovens. Além disso, o projeto realiza palestras nessas escolas, onde são abordados diversos temas, entre eles, o da gravidez na adolescência”, explicou o gerente Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana.
De acordo o médico, as palestras abordam as consequências da gravidez na adolescência. “As meninas, muitas das vezes, saem da escola e abandonam os estudos, às vezes são expulsas de casa e os meninos, começam a trabalhar precocemente. Portanto, a mudança é muito grande e muitos deles não têm a noção de todas essas transformações. A nossa intenção é mostrar todo o custo e impacto da gravidez na adolescência e alertá-los”, disse Almir Santana. 

Gravidez e parto

De acordo com dados fornecidos pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), que é gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em 2018, foram registrados 5.491 nascimentos, sendo 1.003 partos em adolescentes. Contabilizando uma média de 84 partos/mês em 2018. Em 2019, no mês de janeiro foram registrados 114 partos. Considerada de alto risco, a gravidez na adolescência exige cuidado redobrado, pela possibilidade de parto antecipado.

“Muitas das vezes as meninas são muito jovens e o útero não está completamente desenvolvido, ocasionando complicações na gestação. Muitas delas não seguem direito o pré-natal, o que pode ocasionar em partos prematuros”, alertou Dr. Almir, que enfatizou sobre a importância de um diálogo mais amplo com os jovens, visto que a sexualidade está cada vez mais precoce e muitas vezes os métodos contraceptivos são desconhecidos.

Atendimento psicossocial

Além do atendimento médico, na MNSL as adolescentes gestantes recebem acompanhamento psicossocial, por meio de equipe formada por psicólogas e psiquiatras. De acordo com a psiquiatra da maternidade, Ana Salmeron, um fato que chama a atenção é o alto número de adolescentes entre 12 e 14 anos com mais de um filho. 
“Com isso, identificamos que não há uma preocupação com o futuro delas e das crianças. Então, tanto do ponto de vista da psicologia e da psiquiatria, abordamos o projeto de vida dessas adolescentes. Elas são encaminhadas para cá, pelo alto risco não apenas das questões orgânicas, mas também relacionadas às questões emocionais e sociais”, declarou.

A médica explica que o acompanhamento é realizado diariamente, e não apenas da adolescente, como também dos familiares, com o intuito de auxiliar a família sobre a nova realidade, principalmente pelo fato da maioria não conviver mais com o pai da criança “A maioria não tem mais seus companheiros. Muitas vezes depois da gravidez o relacionamento acaba, mas também tentamos conscientizar a mãe sobre a importância da proteção da criança, é importante que o pai seja comunicado, pois essa criança vai querer saber quem é o pai”, ressaltou a psiquiatra.

Essa nova realidade é vivida pela adolescente E. S., 16 anos, que mora na cidade de São Cristóvão. A jovem, que vive com a mãe e mais três irmãos teve a filha há seis meses, mas ainda não pode levar a bebê para casa. A filha de E.S. nasceu com uma má-formação e está internada na UTI neonatal. Sobre a notícia da gravidez, até o nascimento e a nova rotina, a adolescente fala que ainda está se adaptando.

“No começo, foi um pouco difícil, por conta da minha mãe, acabei saindo da escola porque tinha vergonha de sair na rua. A gestação foi tranquila, fiz o acompanhamento até o final, mas só depois do parto que descobrimos que ela tem um estreitamento na garganta. Ela tem seis meses, e venho visitar todos os dias, às vezes durmo aqui”, afirma a jovem, que teve que adiar o novo emprego, mas que planeja retomar a rotina logo após a filha receber alta.

Segundo a gerente da UTI neonatal, Monique Daniela dos Santos Lima, a bebê da jovem mãe segue em tratamento na unidade de terapia intensiva e após receber alta seguirá recebendo acompanhamento pelo sistema de saúde estadual.

“O bebê tem um estreitamento da laringe e com isso tem uma maior dificuldade para respirar. Como também há uma condição neurológica, o bebê retornou à UTI, mas ele saindo daqui a mãe vai poder fazer todo tratamento ambulatorial. Após a saída do bebê, ela pode receber um acompanhamento no Follow Up, por até dois anos”, explica Monique. O  Follow Up a que se refere Monique é o ambulatório de retorno do recém-nascido de alto risco, que fica no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism). De acordo com a médica, o bebê já sai da MNSL com o agendamento para o atendimento no Caism.

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Quinta-Feira, 07 de Março de 2019 às 14:31:00

Por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Educação, Esporte e Cultura, jovens recebem orientações sobre IST’s/Aids e gravidez na adolescência. Além das palestras e formações de professores e profissionais da saúde, na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, a gestante adolescente recebe o atendimento e acompanhamento necessários para assumir essa nova fase da vida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fase da adolescência é compreendida entre os 10 e 20 anos, período em que ocorrem mudanças físicas e psicológicas. E entre as principais mudanças, o início da atividade sexual é um tema ainda pouco debatido dentro de casa. Nesse contexto, a escola tem colaborado para a disseminação dos temas que envolvem a sexualidade, dentre eles a gravidez na adolescência.

Através do PSE, os jovens participam de ações ligadas a diversos temas e, especificamente, sobre a gravidez na adolescência, a prioridade é acolher a gestante e auxiliá-la no processo de adaptação durante a gravidez e após o parto. “O programa envolve um conjunto de ações cuja proposta é contribuir para a formação integral dos estudantes, por meio da prevenção e atenção à saúde com o propósito de reduzir as vulnerabilidades que comprometem o desenvolvimento de crianças e adolescentes na trajetória escolar. Dessa forma, cria-se um entorno favorável para a igualdade de gênero, concorrendo para o empoderamento dos/as adolescentes a fazerem escolhas livres e capazes de determinar os seus projetos de vida, impactando significativamente na redução de gravidez não intencional de adolescentes escolares”, declarou a coordenadora do PSE, Marcia Furllan.

Instituído em 2007, o PSE acontece em todos os estados brasileiros e se trata de uma iniciativa conjunta entre o Ministério da Educação e Cultura e o Ministério da Saúde. De acordo com Márcia, os municípios firmam pacto a cada dois anos e, durante esse período, se comprometem em executar as ações que englobam o programa. Para auxiliar na execução das ações, os professores das escolas e os profissionais do município onde as ações serão desenvolvidas participam de formação realizada pela SES e Seduc.

“A capacitação envolve o professor de escolas estratégicas e o profissional de saúde da unidade básica daquela região. Um dos objetivos é integrar a unidade de saúde com a escola. No projeto, é feito um plano de ação em cada região. A partir daí, ele vai atuar na prática, estimulando o protagonismo entre os jovens. Além disso, o projeto realiza palestras nessas escolas, onde são abordados diversos temas, entre eles, o da gravidez na adolescência”, explicou o gerente Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana.
De acordo o médico, as palestras abordam as consequências da gravidez na adolescência. “As meninas, muitas das vezes, saem da escola e abandonam os estudos, às vezes são expulsas de casa e os meninos, começam a trabalhar precocemente. Portanto, a mudança é muito grande e muitos deles não têm a noção de todas essas transformações. A nossa intenção é mostrar todo o custo e impacto da gravidez na adolescência e alertá-los”, disse Almir Santana. 

Gravidez e parto

De acordo com dados fornecidos pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), que é gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em 2018, foram registrados 5.491 nascimentos, sendo 1.003 partos em adolescentes. Contabilizando uma média de 84 partos/mês em 2018. Em 2019, no mês de janeiro foram registrados 114 partos. Considerada de alto risco, a gravidez na adolescência exige cuidado redobrado, pela possibilidade de parto antecipado.

“Muitas das vezes as meninas são muito jovens e o útero não está completamente desenvolvido, ocasionando complicações na gestação. Muitas delas não seguem direito o pré-natal, o que pode ocasionar em partos prematuros”, alertou Dr. Almir, que enfatizou sobre a importância de um diálogo mais amplo com os jovens, visto que a sexualidade está cada vez mais precoce e muitas vezes os métodos contraceptivos são desconhecidos.

Atendimento psicossocial

Além do atendimento médico, na MNSL as adolescentes gestantes recebem acompanhamento psicossocial, por meio de equipe formada por psicólogas e psiquiatras. De acordo com a psiquiatra da maternidade, Ana Salmeron, um fato que chama a atenção é o alto número de adolescentes entre 12 e 14 anos com mais de um filho. 
“Com isso, identificamos que não há uma preocupação com o futuro delas e das crianças. Então, tanto do ponto de vista da psicologia e da psiquiatria, abordamos o projeto de vida dessas adolescentes. Elas são encaminhadas para cá, pelo alto risco não apenas das questões orgânicas, mas também relacionadas às questões emocionais e sociais”, declarou.

A médica explica que o acompanhamento é realizado diariamente, e não apenas da adolescente, como também dos familiares, com o intuito de auxiliar a família sobre a nova realidade, principalmente pelo fato da maioria não conviver mais com o pai da criança “A maioria não tem mais seus companheiros. Muitas vezes depois da gravidez o relacionamento acaba, mas também tentamos conscientizar a mãe sobre a importância da proteção da criança, é importante que o pai seja comunicado, pois essa criança vai querer saber quem é o pai”, ressaltou a psiquiatra.

Essa nova realidade é vivida pela adolescente E. S., 16 anos, que mora na cidade de São Cristóvão. A jovem, que vive com a mãe e mais três irmãos teve a filha há seis meses, mas ainda não pode levar a bebê para casa. A filha de E.S. nasceu com uma má-formação e está internada na UTI neonatal. Sobre a notícia da gravidez, até o nascimento e a nova rotina, a adolescente fala que ainda está se adaptando.

“No começo, foi um pouco difícil, por conta da minha mãe, acabei saindo da escola porque tinha vergonha de sair na rua. A gestação foi tranquila, fiz o acompanhamento até o final, mas só depois do parto que descobrimos que ela tem um estreitamento na garganta. Ela tem seis meses, e venho visitar todos os dias, às vezes durmo aqui”, afirma a jovem, que teve que adiar o novo emprego, mas que planeja retomar a rotina logo após a filha receber alta.

Segundo a gerente da UTI neonatal, Monique Daniela dos Santos Lima, a bebê da jovem mãe segue em tratamento na unidade de terapia intensiva e após receber alta seguirá recebendo acompanhamento pelo sistema de saúde estadual.

“O bebê tem um estreitamento da laringe e com isso tem uma maior dificuldade para respirar. Como também há uma condição neurológica, o bebê retornou à UTI, mas ele saindo daqui a mãe vai poder fazer todo tratamento ambulatorial. Após a saída do bebê, ela pode receber um acompanhamento no Follow Up, por até dois anos”, explica Monique. O  Follow Up a que se refere Monique é o ambulatório de retorno do recém-nascido de alto risco, que fica no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism). De acordo com a médica, o bebê já sai da MNSL com o agendamento para o atendimento no Caism.